sexta-feira, dezembro 22, 2006

Quebrando paradigmas

Por Geraldo Luiz dos Santos Lima Filho
Extraído do site www.mixbrasil.com.br

O modo pelo qual a nossa noção moderna de tempo (chronos) funciona é extremamente tentador. Por um lado, permite uma fuga - muitas vezes inadequada e causadora de ansiedades - do tempo do universo (kyros). Por outro lado, permite organização, nova tomada de fôlego e a possibilidade de fazermos um balanço do ano que passou, além de uma série de promessas para o período seguinte (ou seja, as resoluções de Ano Novo).

Gostaria de propor aqui algo diferente. Este ano, por que não fazer o balanço, mas, depois, algo mais inusitado? Que tal fazer resoluções “de ano velho”?

Não seria interessante pensar em tudo o que você já desejou para os anos novos e jamais cumpriu e, desta vez, dar uma boa olhada? Sem culpa, sem pressão, sem ressentimentos. Por exemplo, analisar o que de fato fez falta e quanta falta fez e para que serviria hoje.

Que tal ver se esta resolução antiga agora amadureceu no útero da vida e, neste momento, pode ser concretizada? De repente, ao invés de inventar uma resolução nova em folha, mas irrealizável, para 2007, não seria mais legal reciclar algo que foi utópico há alguns anos, mas agora é prático e viável? Algo que está preparado para nascer após a gestação?

E que tal pensar naquilo que você gostaria de fazer e sabe que, com um esforço razoavelmente humano, é possível atingir?

Em 2005, era ideal parar de fumar. Em 2007, pode ser fato.

Lembro que objetivos ambiciosos demais podem também ser desalentadores. Muitas vezes, eles não trazem incentivos porque não se tem aquele prazer gostoso do sabor de estar realizando algo. E, justamente assim, são deixados para traz e esquecidos.

É preciso ir aos poucos.

Por exemplo, imagine que você vive em um castelo muito bagunçado. No dia 31 de dezembro, você se promete organizar tudo. Chega o dia 1º de janeiro e... é tanto trabalho que você até quer começar, mas acaba deixando para depois porque nem sabe por onde iniciar. E jamais o faz...

No entanto, se você fizer o plano de limpar uma gaveta por dia, é mais provável que atingirá o seu objetivo. Estará mais organizado e sentirá o prazer diário de estar realizando alguma coisa. Ficará sempre motivado.

Por outro lado, por que não, simplesmente, decidir ser melhor do que se é hoje no ano que se inicia? Menos apegado? Menos intolerante? Mais amigo? Mais responsável? Um verdadeiro construtor de um mundo melhor?

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Neon Bible

A fantástica banda Arcade Fire anunciou o lançamento do seu segundo álbum para março ou abril do ano que vem, e por enquanto, disponibilizaram o single "Intervention" no site Neon Bible de uma forma mais que interessante: ao invés do usual download o que você tem é o número 1-866-NEONBIBLE, para onde você liga e ouve a música, que por sinal é ótima e que dá sinais de que valeu a pena esperar pelo novo álbum. Arcade Fire é aquela coisa: tristeza e felicidade em simbiose. E eu simplesmente adoro.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Memórias relâmpago de uma sexta-feira ao som de Hot Chip

Você com certeza já encontrou aquela pessoa que, à primeira vista, mexe totalmente com você. E durante os segundos que os olhos se encontram, você consegue enxergar aquela pessoa por inteiro, todas as suas intenções, e as palavras nem precisam existir. São momentos que duram alguns segundos, às vezes até menos. As mãos se juntam e tudo pode ser perfeito... a não ser pelo fato de que você está tão louco que logo desencana e vai atazanar outras e outros na pista de dança. Agora resta ficar ouvindo "Colours" do Hot Chip, com um sorriso no canto da boca, pensando na cena (e em algumas outras, claro) e no próximo encontro, que devido a minha obsessão clássica, com certeza vai acontecer.

É hoje!

Veredas



As coisas andam meio tumultuadas ultimamente e pouco tempo está sobrando para atualizar este blog. Mas parece que tudo que queria acontecer em 2006 e não aconteceu ainda está tentando acontecer! Semana passada o escritório entrou em um processo de concorrência para duas campanhas que precisam ser finalizadas ainda em 2006. Ganhamos 2/3 desta concorrência e um novo cliente! Bom, no dia seguinte ficamos sabendo que o novo cliente foi comprado por uma multinacional suíça e que as coisas ficariam meio indefinidas. A campanha continuou de pé, ainda estamos correndo para fechar tudo até dia 22, mas quanto ao novo cliente, talvez ele vire um novo-novo cliente logo mais. Basicamente a semana passada foi marcada por noites varadas no escritório, ensaios para a apresentação do teatro, pela tentativa mal-sucedida de assistir "O Crocodilo" e não dormir, pela tentativa mal-sucedida de ver Jens Lekman no StudioSP e também não conseguir, já que estava lotado. Por alguns chopps para por o papo em dia com a Stelinha, e foi isso. Mas eis que a sexta-feira chegou.

Sexta era o dia do show do El Perro del Mar no SESC Vila Mariana, para o qual eu estava ansioso. É uma banda sueca que ninguém ouviu falar e tudo o mais, aquela coisa. Mas eu estava ansioso para ver e ouvir a sublime Sarah Assbring. O show foi curtíssimo, cerca de 50 minutos, num auditório ridículo de pequeno e eles estavam ultra nervosos. Foi um show estranho, parecia apresentação de colégio. Mas foi gostoso! Que voz deliciosa! A ocasião serviu para encontrar a Suzzan, uma alemã que conheci pelo velho e bom CouchSurfing. Ela está morando no Brasil e fazendo estágio na Câmara de Comércio Europeu - gente boa, gostei dela. E eis que na saída do show do El Perro...

Uma funcionária do SESC nos aborda perguntando se queremos assistir o show do Barbatuques, grátis. Como é? Grátis? Claro! E lá fomos todos nós - Suzz, Mitch, Gil e eu - ver as impossibilidades sonoras do grupo e convidados. E, com exceção da Badi Assad, nem precisava ter convidado nenhum, por exemplo o Chico César, que só fez estragar a apresentação dos caras. Mas o show foi ótimo, e se você não conhece, não perca a próxima oportunidade. Depois de Barbatuques...

Ainda restava tentar ir ao show do Erlend Öye, do Kings of Convenience, no StudioSP, uma espécie de acústico/voz e violão já que a banda não veio. Já estava meio bodeado por quarta não ter conseguido entrar por causa da lotação, mas voltei a tentar e sexta-feira estava sussa. Mitch e eu fomos para lá por volta da meia-noite, o show tinha começado, e o cara é uma figura completa - totalmente à vontade, fazendo brincadeiras, bem performático. E Kings of Convenience é aquela coisa né... som para ouvir com aquela preguiça característica de dias chuvosos e frios... ou só frios, à la Noruega. Depois de "I'd rather dance with you", "Stay out of trouble" e "Homesick" satisfazerem totalmente minha vontade louca de ir a esse show, o cara ainda saca uma "Heaven knows I'm miserable now" com toda aquela melancolia do Kings. De matar. Lá encontramos a Alê, a Angélica e alguns amigos delas que não conheço, e depois do show, entre um pulo ou outro na pista para matar minha vontade de dançar Gossip, o papo rolou solto até às 3h. E depois de três caipiroskas (como me alertou o barman, muito bravo, pois eu ficava pedindo caipirinha com vodka) e um saquê, lá vou eu...

Para o aniversário da Lukka, na D-Edge. E foi aí que o negócio começou a desandar. Encontrei um monte de gente, mas a Lukka que é bom, só fui encontrar no final e ela nem lembra que fui na festa, de tão... enfim, deixa pra lá. Mas ela foi embora e me deixou encarregado de acabar com 3 garrafas de champagne. Que tarefa difícil! Logo fiquei conversando com um amigo do Chris e matamos as três garrafas! E o melhor, ainda lembro o teor da conversa! Huh! Imbatível! Depois encontrei mais uns 3 conhecidos, papos rápidos e eis que... The boy from Milwalkee ataca novamente face à invasão de hologramas que aconteceu na balada! Às seis horas descolei uma carona para casa, paguei e quando sai da balada com o Gil...

A carona tinha ido embora. Pegamos o táxi e fomos para casa. No portão de casa, baixou outro exu e tivemos que desencanar de ir dormir, não sem antes dar uma passada na Loca para espeirar a poeira estelar baixar. Encontrar mais conhecidos, descolar mais bebida free até a hora de ir embora, dançar que nem um louco e ir para casa, descansar, às 10h da manhã. E esse foi...

O início do fim-de-semana. Mas sábado só trabalhei, domingo ensaio até às 3h da tarde para depois assistir a apresentação do pessoal de Artes do Corpo da PUC, "Mulheres de Rosa", uma peça com fragmentos da obra de Guimarães Rosa, com foco na relação de Riobaldo e Diadorim, de Grande Sertão: Veredas. Simplesmente animal, e emocionante por sentir a entrega vísceral com que o grupo estava fazendo aquilo. E a semana começa!

sexta-feira, dezembro 08, 2006

...

"Liberdade pra mim é pouco, o que eu quero ainda não tem nome."
(Clarice Lispector)

PS: Toty, desculpa, mas não consegui não copiar seu post! Maravilhoso!

Conselhos do titio Andy

Não misture saquê, caipirinha de uva, vinho, cerveja, castanha-do-pará,
coca-cola e pisco! Não faz bem pra saúde e a ressaca é fenomenal! Ontem o
Rodrigo, que está passando um tempo em Sampa e dando um tempo de Manaus, nos
presenteou com uma festa no apartamento dele, e lá estava todo o bando de
mau-caráteres reunido novamente. Ponto alto da balada: a coreografia de
"Confortably Numb" ao som de Scissors Sisters! E como se a festa não
bastasse, uma esticada ao Funhouse até às 6h da manhã com minha parceira do
crime (melhor não citar nomes) e o Giuliano, em papos bebofilosóficos até o
último estágio!

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Desconstrução total


Não é nenhuma tese sobre Derrida, mas bem que vivemos numa época de total desconstrução das coisas e dos valores. Esta foto é de um presépio de Natal que estudantes da Universidade do Texas exibiram no início deste mês no saguão de um dos prédios do campus, onde o casal central não é Maria e José, mas sim Gary e Joseph, dando mais corda para a polêmica do casamento homossexual. O mais engraçado são os três magos: Lenin, Marx e Stalin, e a ovelhinha terrorista. Ok, ok, não tem nenhum menino-Jesus na manjedoura. E viva o questionamento da América! E viva o esquerdismo! E está declarada a guerra ao Natal!

Praia e sol


Férias! Holidays! Se tudo der certo, dia 26 devo estar descendo rumo à Santa Catarina, mais especificamente para o vilarejo da Guarda do Embaú, em busca de sol, praia, cerveja e um pôr-do-sol como o da foto, tirada há dois anos atrás no mesmo lugar. Tá chegando a hora de pensar na vida, fazer planos para o ano que vem e, como diz um amigo meu, morrer no dia 31 para nascer de novo no dia seguinte. Quem quiser, está mais do que convidado.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Licença poética


Teatro: "Zona de Guerra" de Eugene O'Neil

Eu tava triste, tristinho
Mais sem graça que a top model magrela da passarela
Eu tava só, sozinho
Mais solitário que um paulistano, que o canastrão na hora que cai o pano
Tava mais bobo que banda de rock,
que um palhaço do circo Vostok

Mas ontem eu recebi um e-mail
Era você de São Paulo, ou de Paris,
dizendo: nego, sinta-se feliz!
porque no mundo tem alguém que diz,
que muito te ama, que muito te ama, que muito muito te ama, que tanto te ama

Por isso hoje eu acordei com uma vontade danada
de mandar flores ao delegado
de bater na porta do vizinho e desejar bom dia,
de beijar o português da padaria

Zeca Baleiro - Telegrama
(com alguma licença poética, claro)

* * *

Dezembro chegou e chegou furioso. Do nada surge uma concorrência e um monte de trabalho na sua mesa. Espero que dê tudo certo e que o ano comece bem.

* * *

Ontem fui ver "Zona de Guerra", montagem teatral do texto de Eugene O'Neil na unidade provisória do SESC na Paulista. Boa - simples e previsível, mas boa. Pelo menos vai servir para a prova de história de teatro que tenho hoje. O texto com certeza adquiriu ares de dejà vu depois do World Trade Center e toda a discussão pós-contemporânea sobre terrorismo, privacidade e a margem da dúvida.

* * *

É, acho o cúmulo ter que fazer prova na minha idade. Com quase 30, a gente já tem bastante consciência do que sabe e do que não sabe.

* * *

Os ingressos para o Coldplay já estão esgotados. Em apenas 48 horas, ingressos para os três shows foram embora. E agora?

* * *

Meu, por que você não liga de volta hein? Cacete!

* * *

Quem topa ir pra Guarda do Embaú (Santa Catarina) passar o reveillon?

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Eeee

Olha. E não é que talvez eu ainda consiga ver Teatro Mágico e o Cordel do
Fogo Encantado em 2006?

CORDEL DO FOGO ENCANTADO - SESC POMPÉIA
15/16/17 de dezembro

TEATRO MÁGICO - SESC IPIRANGA
16 de dezembro

E dezembro chegou

Olha só, que cara estranho que chegou
Parece não achar lugar
No corpo em que Deus lhe encarnou
Tropeça a cada quarteirão

Não sabe nem pra onde ir
Se alguém não aponta a direção
Perigo nunca se encontrar
Será que ele vai perceber
Que foge sempre do lugar

Los Hermanos - Cara Estranho

* * *

Fim-de-semana agitado, mas usual, este que passou. Show dos Los Hermanos na
sexta-feira na Academia Brasileira de Circo. Estava com um cansaço
sobrehumano e um sono que não sei de onde saiu, e por isso não consegui
curtir tanto. Mesmo não sendo um fã de carteirinha, gosto do som deles e,
apesar de sempre parecer que eles tocam a mesma música do início ao final do
show, as letras são inteligentes e se aplicam a várias, mas várias,
situações cotidianas, tipo essa aí que postei acima, "Cara Estranho", que
parece ter sido escrita pra mim... Ou para você também. Mas a grande
surpresa do show foi a banda que abriu, Hurtmold, som lisérgico, próprio
para viagens pessoais. Curti bastante. Sábado passou calmamente, estudando
história do teatro e depois indo ao SESC para assistir "A Pedra do Reino"
pela segunda vez. Chego em casa e...

Eis que começam a chegar várias pessoas com cerveja na mão e quando dei
conta estava rolando uma festa lá em casa, desta vez tranquila... Imagino eu
(pelo menos não houve reclamações). D-Edge, piração, chegar em casa de
manhã, aquela coisa básica de todo fim-de-semana. Domingo de ressaca no sofá
da Rifi assistindo Grey's Anatomy e depois a última sessão de cinema com o
Mitch para ver "El laberinto del fauno" no Frei Caneca. E assim se foi mais
um fim-de-semana e assim vi começar o último mês do ano, que trouxe com ele
a lembrança de todas as coisas que prometi e não fiz neste ano... E
possivelmente nem vá mais fazer. Mas...

Sempre há esperança. Se existe uma coisa que não perdermos quando crescemos
é a vocação natural de ter esperança.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

O direito de nascer

Poderia ser a próxima novela da Globo mas foi um episódio isolado ocorrido
aqui no escritório, quando o Rodrigo quis matar uma mosca grávida. "Você já
viu uma mosca grávida?", ele pergunta. Eu respondo que não. "Quando ela não
voa é porque ela está pesada e grávida. Sai daqui, mosca nojenta", ele
responde tentando, a todo custo, acabar com a vida da pobre. Peço, imploro,
para que ele a deixe viver e criar seus filhotes, pois mesmo os bebês-mosca
têm o direito de nascer.

Quickdrop

O presidente enche a cara, trupica e dá vexame na Nigéria.

* * *

O Coldplay confirmou as datas em Sampa: 26 e 27 de fevereiro, na Via Funchal. Roger Waters todo mundo já sabe que vem. Agora também já se sabe que vem novamente a trupe do Cirque du Soleil com outro espetáculo, Alegria.
Além destes, alguns (digo, alguns) poderão se deliciar com Aerosmith, Bryan Adams e David Copperfield. E, esse eu recomendo, ainda vêm os caras do Blue Man Group, ducaralho. E a Cie enchendo o rabo de dinheiro.

* * *

SuperCasas Bahia é o hype do momento!

* * *

Comprei os ingressos para o show do El Perro del Mar no SESC Vila Mariana, pela bagatela de 3 reais. Se correr, ainda tem.

* * *

Estou tentando ficar fluente em Los Hermanos, mas tá difícil. Só consigo ficar ouvindo "Samba a dois", nada mais.

* * *

Mitch, parece que 2007 finalmente teremos Radiohead, também.

* * *

A Folha consegue ser um jornal muito atrasado, quando quer. A capa da Ilustrada hoje diz "Profetas da eletrônica", falando sobre Skazi e Infected Mushrooms, os mestres do psytrance. Ah, poupe meus neurônios... Os caras desfilam pra lá e pra cá por terras brasileiras desde que Carmen Miranda deu o tico tico no fubá.

* * *

Esse fim-de-semana estréia o esperado "O labirinto do Fauno", podem ir assistir que deve ser bão.

* * *

Vai acabar o ano e não consegui ver nem Teatro Mágico nem Cordel do Fogo Encantado. Será que ainda vai rolar alguma apresentação?

* * *

Estréia nesse fim-de-semana, nos EUA, o megablockbuster "Turistas", aquele filme de terror que já comentei aqui há algum tempo sobre um grupo de turistas americanos que vem passar férias no Rio, onde cariocas falam espanhol, e onde tudo é uma grande selva. O grupo é caçado e cruelmente assassinado por uma quadrilha de tráfico de órgãos. Afe.

* * *

Cheiro do Ralo na lista de concorrentes no festival de Sundance? Ahn?

quinta-feira, novembro 30, 2006

O que pode ser então?

Can I sleep on your shoulder?
Whisper sweet words in my ear.
Can we go out together?
Can we make out and pretend it's all there?
Cause you know, I';ve been waiting for
something that hasn't come through
But it might come along soon
And until that, you will do
I can't believe it's not love!

I'll take you to the movies
Yell at you when you're late
You can sigh when I shower for too long
Hold up the bathroom so that you have to wait
Invite people over for dinner
Make up names for kids we could have had
And when we get drunk, we can get it together
Go home too early, everyone will say we're sad
I can't believe it's not love!
Have white wine parties in the sun
And talk about what it's going to be like to find someone
I can't believe it's not true
And I can't believe you didn't know this, too

Hello Saferide - I can't believe it's not love

A música é ótima. Mais um achado nas minhas buscas pela Suécia. Agora a letra... Pelo amor de Deus, mais a ver com tudo que acontece à minha volta impossível. E é sempre assim, parece amor, mas não é.

Na garagem do Milo

Nunca pensei que ia pegar fila para entrar no Milo, mas ontem fomos pra lá curtir um sonzinho, dançar quem nem freaks na pistinha e beber una cervezita. (Thanks my dear por me tirar de casa). A semana segue seu curso natural, embaixo de chuvas torrenciais e sem grandes acontecimentos. Estou com medo do fim de semana.

quarta-feira, novembro 29, 2006

God Knows

You gotta give to get back
You gotta give to get
You gotta give to get back
You gotta give to get

El Perro del Mar - God Knows

segunda-feira, novembro 27, 2006

Grey's Anatomy e o fim-de-semana

Ontem cheguei em casa e como não conseguia dormir, fiquei assistindo "Grey's
Anatomy" na Sony. Apesar de sempre ter falado para a Stela que é apenas mais
um seriado sem graça de médicos, vou ter que dar o braço a torcer e
concordar que a série é legal. Mas não estou aqui para falar da série em si,
mas sobre o tema do capítulo de ontem que acabou me fazendo pensar bastante
antes de ir dormir.

Se hoje fosse seu último dia, como gostaria de passá-lo?

É uma pergunta difícil de responder, e tentando fazer uma lista ontem, na
cama, tanta coisa foi aparecendo que em apenas um dia eu não conseguiria
fazer nem 1/3. Conversas que eu devia ter tido,conhecer a história de vida
dos meus pais, declarações que devia ter feito, viagens que deveria ter
realizado, lugares que deveria ter conhecido, beijos e abraços que queria
ter trocado, ligações que deveriam ter sido completadas, assistir um último
filme no colo de alguém, aquele filme que você vive dizendo que quer tanto
assistir. E foi então que vieram os arrependimentos das coisas que deixei de
fazer, vários delas. A conclusão foi que se realmente eu soubesse que este
seria meu último dia, queria fazer tudo aquilo que tanto desejo e deixo
passar por medo, insegurança ou qualquer que seja a razão. Queria passar
este último dia sem nenhum novo arrependimento.

* * *

O fim-de-semana começou com uma sexta agitada e sem planos. Depois de uma
tentativa frustrada de ir ao cinema, Mitch e eu fomos para a casa da Rê
persuadí-la a tirar o pijama e ir tomar alguma coisa com a gente. Tudo bem
que os planos dela eram pedir uma pizza e tomar cerveja no quarto,
assistindo "O castelo animado" no laptop, mas acabamos convencendo-a e fomos
parar numa cantina lá pelas onze e tanto da noite. Papo vem, papo vai, chopp
também, jogo da verdade e um monte de risadas foi o ponto-de-partida para o
que vinha a seguir. Encontro com o pessoal lá em casa lá pela 1h da manhã
para irmos para mais uma festa no apê, dessa vez, da Renata, prima da Iara.
Festinha legal, gente legal, papo legal, tudo muito legal mas já batiam as
4h da manhã e era hora de pegar o after da D-Edge. Lá vamos nós, again.
Dançar muito, conversar bastante, azucrinar alguns desconhecidos,
reencontrar o povo da faculdade, tudo muito bom e a festa rolou até as 8h da
manhã.

* * *

Sábado, nada de dormir. Direto para a casa dos meus pais para um pouco de
tratamento materno. Chuva torrencial com sono no sofá. Voltar para casa por
volta das 22h, se preparar, enfrentar a chuva e ir para o Nokia Trends, que
foi sensacional em todos os aspectos - eis que foi posto o ponto final nos
grandes festivais do ano. Agora, até o fim de dezembro, alguns shows aqui e
ali, mas meio que já dá pra dar o ano por encerrado.

* * *

Domingo, esquece. Acordar quase às 19h, receber os amigos em casa e pegar a
última sessão de cinema no Frei Caneca, assistindo "C.R.A.Z.Y." pela segunda
vez e ainda assim gostando ainda mais do filme.

* * *

Saldo do fim-de-semana: vi finalmente o show do "The Bravery", que há muito
tempo queria muito ver. De quebra, ainda vi, de pertinho, "We are
scientists", "Hot Hot Heat", "Ladytron", todas essas bandas que ninguém
nunca ouviu falar, que não fazem diferença na vida de ninguém, mas que eu
realmente curto bastante e até tenho algumas letras decoradas. Também
reavaliar muito a vida (coisa que faço pouco, viu) depois de receber algumas
notícias e acabar o domingo com a tal frase do "Grey's Anatomy". Da lista de
coisas que eu queria fazer no fim-de-semana, só faltou o bate-papo no parque
(mas já valeu o de sexta, na cantina), a organização e definição de algumas
coisas e o começo de um novo livro (até tentei, mas esse "Tristessa" do
Kerouac tá quase entrando para a lista dos não-terminados).

sexta-feira, novembro 24, 2006

Esse fim-de-semana...

Quero:
1. Carinho de mãe
2. Sofá com sono
3. Shows e música boa
4. Ressaca com sofá
5. Bate-papo no parque
6. Definição de algumas coisas e a organização de outras
7. O começo de um novo livro

La matadora

Eita cerveja que me persegue. Quinta-feira, calor, rua Augusta, boteco,
cerveja no bar, cerveja em casa, música eletrônica e agitações contidas na
sala até às 3h da manhã.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Kaqui

Acabei chorando quando li seu email, que merda. Que saudade, nem eu tô
acreditando. E vontade é o que não tá faltando para pegar um avião non-stop
pra Austrália e ir acampar em Blue Mountain, fazer uma freaktrip em Northen
Beaches e dar papelão na King Cross.

The time is coming

Como diria Kerouac em quase todos os seus livros, tá chegando a hora de por
a mochila nas costas e sair por aí, novamente.

Sonhos absurdos

Sonhei que agora a Internet possibilitava encontros físicos no espaço
virtual. Era alguma coisa como entrar no MSN e como se fosse uma máquina de
teletransporte para lugar nenhum, depois de logar você estava lá, cara a
cara com a pessoa que você queria falar. O melhor eram os emoticons -
pessoas passando ao fundo carregando cartazes com as carinhas. Heheh.

Papo, pinga e petisco

Ou papo, cerveja e petisco - foi o que rolou ontem depois do teatro na praça
Roosevelt. Um pequeno encontro do Quarteto Fantástico para dar uma pequena
pausa na semana e colocar as insanidades em dia. Tudo bem que um encontro de
amigos quase à meia-noite não é uma coisa usual para uma quarta-feira, ainda
mais no rush que andam alguns, mas lá estávamos nós no bar do Doca - Stela,
Mitch, Ms. Costard e yo, pondo em dia os últimos acontecimentos e não dando
trela pra saudade.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Nokia Trends warm-up

Sometimes
I forget I'm still awake
I fuck up and say these things out loud

My old friend...
I swear I never meant for this
I never meant...

Don't look at me that way
It was an honest mistake

The Bravery - An Honest Mistake

Sábabo temos Nokia Trends, meio que encerrando os grandes shows do ano (isso se nada ainda pintar por aí). Ok, claro, temos Los Hermanos dia 1/12 e a invasão sueca (como "sofrivelmente" declarou a Folha de São Paulo semana passada) por aí em meados de dezembro. Por enquanto, você pode ir se aquecendo para ir comigo sábado ao Anhembi curtir uma noite que deverá ser inesquecível ao som de Hot Hot Heat, The Bravery, Ladytron, We are Scientists, 2ManyDjs e Soulwax. Confesso que faz tempo que não ouvia nada do Hot Hot Heat (acho que desde o tempo da pós), que estou esperando bastante para ver Bravery e que a razão de ir ao festival é Ladytron, que promete. Se você quer ir mas não conhece muito o som desse povo, me avise e eu preparo o Kit Nokia Trends.

Que porra é essa?


Recebi esse convite aí para essa "supermegahiper" festa. Não vou poder ir, com certeza, mas se alguém se interessar... Vai rolar o Concurso Felinas 2007, com presença de famosos e tudo! Olha só!
I-M-P-E-R-D-Í-V-E-L!

É tetra!

Não podia deixar de mencionar o grande feito do Tricolor! Tetracampeão do
Brasileirão a duas, eu disse duas, rodadas da final. Morumbi deve ter
tremido...

terça-feira, novembro 21, 2006

E o anjo veio buscar Altman

Acabei de ler que o diretor Robert Altman faleceu na noite de ontem, nos
Estados Unidos. Há quem não conheça muito da sua obra, mas figura em seu
currículo filmes como "Short cuts", "M.A.S.H.", "Nashville", "Assassinato em
Gosford Park", "De corpo e alma" e o recente "A última noite". Não gostei
muito desde último, mas acabou se tornando um filme irônico. Neste, que
retrata a última gravação de um programa de rádio, um anjo/a morte circula
pelos bastidores visitando sua próxima vítima, que deixa de ser apenas a
nostalgia do último show. Engraçado como agora é ele quem foi embora. Algum
anjo deve ter vindo buscá-lo e segunda-feira foi sua última noite. Tudo bem,
forcei pacas pois o título do filme é "A Prairie Home Companion" e não tem
nada a ver com o título em português, mas enfim, deu para entender a
mensagem.

A estória de um Kiwi que sonhava em voar


Acho que todos conhecem um Kiwi, aquele pássaro símbolo da Nova Zelândia cujas asas são tão pequenininhas que eles não conseguem voar. Esta animação foi feita pelo então estudante Dony Permedi em seu curso de Master of Fine Arts in Animation na School of Visual Arts de Nova York. Parece uma animação infantil inocente mas acaba sendo um soco no estômago. Notem que não tem mais ninguém no filme, ninguém para assistir os feitos do pequeno pássaro - é ele, seu sonho, sua conquista e o prêmio é algo que só ele pode sentir. Tudo isso me faz pensar em até que ponto somos capazes de levar nossos sonhos a sério? Sentir e experimentar aquilo que você mais quer na vida compensa todo o sacrifício e todas as consequências? Nas devidas proporções, creio que sim, mas é uma pena que a apatia seja lugar-comum nos nossos dias e sonhos e vontades e desafios sejam coisas que nem existem mais para muita gente. Não sabendo que era impossível, ele foi lá e fez - acho essa uma das melhores frases que alguém podia fazer.

New Order, Kerouac, sol e algo mais


Peter Hook fazendo gracinha como de costume. Foto: Leonardo Wen/Folha Imagem

Há tempos que este blog deixou de ser um diário para se transformar num livro de anotações de pensamentos desconexos e parafernálias mil. Mas voltando um pouco à tradicional condição de uso de um blog comum, vamos aos últimos acontecimentos que este garoto pueril que vos escreve tomou parte.

FINALMENTE, O SHOW
Depois de perder o avião para Belo Horizonte e, consequentemente, perder o show do New Order em terras mineiras, só restava esperar pelo show de terça de forma penosa, isto é, trabalhando todo o final de semana para apresentação de um projeto logo na segunda. E foi aí que me dei conta, mais uma vez, de que ser publicitário é, entre outras coisas, fazer as pessoas terem uma outra visão das coisas - geralmente o lado bom, que te satisfaz e traz algum resultado prazeroso para quem se dispõe. Nem que para isso você tenha que, às vezes, garimpar muito e até transformar javali em Babe, o porquinho atrapalhado. Mas no final, tudo tem seu lado bom, só basta um pouco de disposição e vontade de experimentar. E mais no final ainda, descobri que alumínio é um troço mega interessante. Mas então chegou a terça-feira, tão aguardada terça. Aquecimento antes no bar do Flyer, aquecimento em casa e de tanto aquecimento acabamos saindo atrasados. Depois de uma verdadeira epopéia para o Mitch estacionar o carro e de uma corrida até o Via Funchal, conseguimos pisar na pista no início de Crystal. Depois de nos embrenharmos pelo meio da multidão, conseguimos ficar a alguns metros do palco e, eu pelo menos, entrar no meu processo catártico que culminaria com os primeiros acordes de Blue Monday.

DEPOIS, UMA FESTA NO APÊ
Depois de Love will tear us apart, com coração ainda saindo pela boca e os olhos em transe, não tinha como apenas ir embora e dormir. Também não tinha como apenas ir embora e dormir pois era aniversário da Renatinha. - vamos lá Mitch, vai ser apenas uma reuniãozinha no apartamento dela, galera tomando cerveja e comendo pizza. Ok, viu. Megaultra balada no apartamento, com mais de 100 pessoas e DJ mandando na sala, ops, pista. Festa com todos os ambientes mega disputados, da lavanderia ao corredor de entrada. Sair de lá às 5h da manhã e depois ver o dia amanhecer acompanhando a saga da filth Divine em Pink Flamingos até às 7h, para finalmente ir dormir e passar metade do feriado da proclamação da República protestando... na cama, contra o cansaço.

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
Não há nada como ficar louco e sair pela Augusta à 1h da manhã com o intuito de fazer amigos e influenciar pessoas. Digamos que a missão não foi bem sucedida pois na Augusta, à 1h da manhã, você pode encontrar de tudo, menos pessoas influenciáveis e com a disposição de serem suas amigas. Mas sempre tem Pink Floyd para esses momentos... e ouvir os caras com o iPod no talo até às 4h da manhã, repetindo "On the turning away" again and again é uma piração. Engraçado como você consegue enxergar sua vida claramente como um filme when you're high.

QUINTA, SEXTA
Quinta seguiu seu rumo normal - trabalho, ressaca, internet. Nada demais, nem de menos. Acabo o dia indo sozinho no MixBrasil pegar a sessão de um filme croata/sérvio mais ou menos chamado "Go West". Espaço Unibanco vazio, conversas rápidas com estranhos. Aí chega a sexta, trabalhar até quase sábado para depois se jogar de leve na festa da Toty, tomar vários copos (eu disse vários copos) de suquinho animal de Tequila com limão e ensinar para as pessoas da festa a dança da Garça. Chegar em casa às 4h da manhã com a missão de acordar cedo e ir pra Bragança.

SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA
Sítio - piscina, rede, comer que nem um porco, mais rede, soneca, piscina, sol, bolo de fubá, livro, rede, filme, tudo muito bom. Consegui finalmente acabar de ler "Vagabundos iluminados" do Kerouac, que achei bem razoável e em certos pontos até decepcionante mas acabei começando outro livro dele, "Tristessa", que espero demorar bem menos para terminar. No meio deste faz-nada que foi o fim-de-semana, rolaram discussões religiosas, pessoas indignadas porque você diz: - tudo bem se eu for pro inferno, não me importo - quando elas tentam te levar pro céu a todo custo (não dá pra trocar o certo pelo duvidoso não é? então é melhor viver a vida pois você nem sabe o que vai vir depois) e um pouco de Woody Allen, que é sempre bom - um humor totalmente diferente e uma maneira de ver a vida que te faz dar de ombros para toda essa loucura que está aí fora. Voltar na segunda, ir para o teatro ensaiar e se preparar para começar a semana novamente, esperando pelo Nokia Trends.

Dance Monkeys, Dance

quinta-feira, novembro 16, 2006

Idade de ser feliz

Existe somente uma idade para a gente ser feliz,
somente uma época na vida de que cada pessoa
em que é possível sonhar e fazer planos
e ter energia bastante para realizá-los,
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida
e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade
sem medo nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada, em que a gente pode criar e recriar a vida
à nossa própria imagem e semelhança
e vestir-se com todas as cores
e experimentar todos os sabores
e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.

Tempo de entusiasmo e coragem
em que todo desafio é mais um convite à luta
que a gente enfrenta com toda disposição
de tentar algo novo, de novo e de novo,
e quantas vezes for preciso.

Essa idade, tão fugaz na vida da gente,
chama-se "presente"
e tem a duração do instante que passa.


Mário Quintana

terça-feira, novembro 14, 2006

Filosofia por Ascenso Ferreira

Hora de comer, - comer!
Hora de dormir, - dormir!
Hora de vadiar, - vadiar!

Hora de trabalhar?
- Pernas pro ar que ninguem é de ferro!

Je veux aller au cirque



Eu e Mel dando um jeito de garantir nossa vaga no Cirque du Soleil.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Perguntas que não querem calar

Por que algumas espinhas insistem em nascer na ponta do seu nariz?

Hora de voltar


Volver
con la frente marchita
las nieves del tiempo
platearon mi sien.

Sentir
que es un soplo la vida
que veinte años no es nada
que febril la mirada
errante en las sombras
te busca y te nombra.

Vivir
con el alma aferrada
a un dulce recuerdo
que lloro otra vez.

Tengo miedo del encuentro
con el pasado que vuelve
a enfrentarse con mi vida.


Nem sempre nos é dada uma segunda chance para resolvermos coisas que carregamos do passado. Pedro Almodóvar se dá esta chance, e a empresta a seus personagens. Eis um diretor falando com mais maturidade de assuntos que lhe são caros e que acompanharam sua carreira. Eis um diretor que vem com toda sua marca registrada e com algo mais neste filme. Uma sensibilidade, uma urgência, que conferem a este filme um valor seminal que leva a carreira de Almodóvar, novamente, a um passo além. É um filme sobre mulheres - sua força, sua garra, seus desejos e fraquezas. As parcas atuações masculinas só deixam aquela vontade de esganar esses seres acéfalos. Penélope Cruz em estado de graça, toda a naturalidade do mundo pairou sobre ela durante estas filmagens - no modo como ela retira o farelo de biscoito de cima da mesa enquanto come, ou enquanto faz compras e encontra as vizinhas na rua ou enquanto limpa uma lágrima que insiste em correr pelo canto olho e recupera suas forças para continuar vivendo. Um ótimo filme, cheio de humor, suspense e drama. Uma ótima forma de mostrar que, mesmo que você tenha uma segunda chance, as coisas não resolvidas geralmente perdem sua importância frente à possibilidade de estar novamente com aqueles que você ama.

domingo, novembro 12, 2006

Série "Ansioso pelo show do New Order" #3


Set list do show do New Order em Belo Horizonte. Aquele...
Fonte: Programa Alto-Falante
Foto: Daniel Castelo Branco

Natural born killers


Or something like Clockwork Orange in these unbalanced nights, but we are just Cowboy Junkies within.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Série "Ansioso pelo show do New Order" #2

A viagem para BH deu completamente errada. Depois de achar as passagens, consigo perder o vôo. Isso mesmo, consegui chegar muito atrasado ao aeroporto por causa desse trânsito caótico e não consegui mais embarcar. Então, nada de show no sábado. Agora é esperar pela terça-feira. E a Flavinha lá, com a geladeira lotada de cerveja...

Crystal

We're like crystal, we break easy
I don't know what to say, you don't care anyway


Varado de ontem depois de Paulo Autran+bar do doca+casa da Rifi+D-Edge e a caminho de Belo Horizonte para o tão aguardado acontecimento do ano. Isso se eu encontrar as passagens, que não sei mesmo onde coloquei. Sensaçãozinha estranha, corpo meio inerte, vontade de colo de alguém muito específico mas que não sei quem é. Briga com a mãe logo cedo. Coisinhas para marcar o fim-de-semana. A cabeça vai a mil, pensa milhares de coisas, inventa, reinventa, trama, cria expectativas, pensa em você, cria situações, pensa em você de novo para depois voltar a zero e tudo se perder, já que não anoto nada do que penso, planejo ou idealizo. Ontem, na Paulista à uma da manhã, montei uma cena muito legal mas que hoje já não lembro bulhufas. Estados de ânimo incontroláveis. Noite legal a de ontem na dEdge, papos legais com completos estranhos que se tornam amigos em questão de minutos. Novos envolvimentos. Estaca zero. E assim vai.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Série "Ansioso pelo show do New Order" #1

And I still find it so hard
To say what I need to say
But I'm quite sure that you'll tell me
Just how I should feel today

And I thought I was mistaken
And I thought I heard you speak
Tell me how do I feel
Tell me now how should I feel

Now I stand here waiting

Song: Blue Monday
Album: Power, Corruption and Lies (1983)

Mal tô podendo esperar para começar a ouvir o tu-tum-tum de Blue Monday sábado à noite no estádio do Mineirão! ho-ho!

Estou pra ver filme pior que este...


FICA COMIGO ESTA NOITE de João Falcão
Este merece o troféu abacaxi do ano. Não dá para entender onde João Falcão estava com a cabeça para fazer um filme tão ruim em todos os aspectos - roteiro esdrúxulo com diálogos sofríveis, atores em interpretações mais sofríveis ainda, enquadramentos pobres e planos desconexos - o diretor só pode ter largado mão do projeto ou realmente não nasceu pra isso, não tem outra explicação. Será que "A Máquina" foi só sorte de principiante? O duro é perceber que o cara ainda tem a intenção de ser sério na proposta de criar a comédia romântica perfeita... Ai John Waters, já não fazem mais diretores como você...

terça-feira, novembro 07, 2006

Sarah & Tommaso


Sarah chegou bem no Chile, disse estar tudo ok com o bebê e mandou essa foto como recordação. Ela e o Tommaso no deserto do Atacama.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Acabou

Dias intensos, quando acabam, te deixam com aquela sensação de vazio. Parar para analisar, sob esta lua nova tão brilhante no céu de São Paulo em plena madrugada de domingo, quantas pessoas já passaram pela sua vida, o que elas trouxeram e o que você deu em troca me faz rir sozinho e ver o quanto a vida é importante. Vai ver estamos aqui para isso mesmo - deixar lembranças que provocam sorrisos repentinos nas outras pessoas. A mostra de cinema acabou, não tive tempo de postar mais nenhum comentário sobre os filmes que eu vi (faltou comentar cerca de 20 deles) - e eu vi de tudo nestes 15 dias, filmes muito bons, filmes péssimos, novas propostas e também "mais do mesmo", inúmeras vezes. Mas o saldo foi positivo e vi mais coisas boas do que ruins, mas o comentários, agora, só sentando em algum boteco na Augusta pois digamos que estou na fase do tudo acontecendo agora - leituras, teatro, cursos, trabalho e as coisas que tenho resolver para poder encerrar o ano com algum sentimento de realização. Não sei se vai dar, já que temos menos de dois meses - por isso, no time to write. Mas desde o último post tanta coisa aconteceu... o povo já elegeu seu presidente e se curvou, mais uma vez, à imbecilidade e à cretinice das promessas da vida fácil - as premissas do jeitinho brasileiro, que digamos, nosso governante-maior é mestre. Mas as eleições de um país só refletem o próprio povo, logo... Meu curso acabou, os ensaios para a peça começaram, e alguns projetos legais surgiram. Na quinta-feira do feriado a Sarah chegou - uma diretora alemã cujo documentário estava na programação da mostra, ela veio para participar do festival e ficou lá em casa. Uma graça de pessoa. Ela está grávida de dois meses e teve algumas complicações enquanto estava aqui, por isso não pudemos fazer muita coisa pois ela teve que ficar de molho todos esses dias - algumas corridas ao hospital, mas está tudo bem. Amanhã ela volta para o Chile, onde mora, e espero que a gente se encontre de novo algum dia. Esses dias de Mostra são tão bons porque me fazem sentir como todo o lance de cinema está tão próximo de mim - tudo é realizável - só falta mesmo vergonha na cara e esforço para eu chegar onde quero. Mas enfim, vamos em frente. Sexta, dia de trabalho normal para novamente nos encontrarmos no final da noite em casa para a reunião de boas-vindas à Sarah - eu, Mitch, Ms. Costard, Stela, Iara, Daniel, Fé, Mel, Johnny, Adriana e Gil. Nada de mais, apenas bate-papo, risadas e uma garrafa de vinho para depois ir tentar a sorte na noite paulistana - acabando na Trash80's com a Fé no meio da madrugada e aprontando algumas presepadas ao som de Balão Mágico, depois de uma tentativa frustrada de entrar na D-Edge. Sábado, encontro em casa para um dia ótimo de sofá e TV - eu, Stela, Mitch, Sarah e Gil. E olha que ainda deu tempo de ir na Benedito tomar um ar e encher a pança no Consulado Mineiro e pegar um filminho para variar. Assistimos "O ano que meus pais sairam de férias" e eu recomendo, uma delícia de filme - sensível, alegre, bem-feito e... brasileiro. Depois a preguiça geral se abateu sobre nós e resolvemos acampar aqui em casa - ninguém iria embora e foi ótimo ficar na companhia de gente que me faz tão bem, cuja companhia eu adoro e cujo colo é sempre bem-vindo. Tudo bem que depois de um "acontecido" milagroso com o Gil não iríamos conseguir ficar em casa, pelo menos eu e ele, enquanto Stela, Mitch e Sarah permaneciam no nosso camp. Logo, às 4h da manhã, estávamos aportando na D-Edge pra fritar até não ter onde. Chegar quase às 10h de domingo, dormir até as 5h da tarde e depois ser sugado pelo sofá vendo seriados e toda sorte de filmes nada-a-ver até chegar a hora de precisar ir comer algo e novamente, para encerrar o fim-de-semana belo e intenso que tivemos, ir para o Cine Bombril pegar um filminho alemão (de um amigo da Sarah) com o Mitch para fechar, devidamente, a Mostra de Cinema (que precisava mesmo acabar pois meu senso de realidade já está bastante alterado).

sexta-feira, novembro 03, 2006

...

Mais avant tout chose, bois une boteille du bon vin et pense à mois.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Mostra - Dia 7 - Quinta-feira

Dia ameno. Duas sessões de cinema, dois filmes americanos, encontro com o
Mitch no meio do caminho para refazermos toda nossa programação, que mudou
completamente até o fim da mostra. Agora eu juro, eu juro, que não mudo
mais.

MEUS 15 ANOS de Richard Glatzer e Wash Westmoreland (EUA)
Filme bonitinho sobre uma guria mexicana que vive em Los Angeles e está às
vésperas de completar quinze anos. Todos os sonhos com o vestido, a limusine
e a festa são deixados de lado quando uma gravidez é descoberta e a família
a renega. Vivendo com o tio-bisavô e o primo gay, Magdalena passa a viver
sua outra realidade. Filme de baixíssimo orçamento, onde amigos ajudaram com
figurinos, cederam suas casas como locações e participaram do elenco - e por
isso mesmo, o resultado final é muito bom.

SHORTBUS de John Cameron Mitchell (EUA)
Pois é, melhor nem fazer comentários. Filme para alguns poucos libertinos.
Algumas pessoas podem ficar chocadas. Eu adorei, por mais que haja excessos
neste filme. Mas como Wilde disse, "o caminho do excesso leva à sabedoria".

quarta-feira, outubro 25, 2006

O fim de uma era


Há quase três anos atrás, me lembro bem era janeiro, meados do mês, conheci essa guria que, vou admitir, não gostei logo de cara. Ela e as outras duas que estavam na mesa pareciam tão patricinhas que nem me daria ao trabalho de iniciar qualquer conversa. Era eu quem estava de fora, em uma festa onde não conhecia ninguém e de onde queria rapidamente pular fora. E o que posso dizer é que esta festa resultou em três anos imprevisíveis e cheios de situações memoráveis e também em grandes e doces e belas amizades. E agora, vendo você ir embora assim, vejo que chegamos ao fim de uma era. E agora, assistindo todos da nossa turma passando por tantas transformações e mudanças, vejo realmente que novos tempos estão chegando.

Ainda lembro como se fosse hoje do primeiro aniversário da S2 que vocês foram, dos 450 anos de São Paulo e das intermináveis programações, a procura de emprego aqui na megalópole já que você queria tanto voltar para cá, deixando Sorocaba só para ocasionais finais de semana. Lembro da gente procurando apartamento e viajando na maionese achando que éramos filhos de barões do café ou alguma coisa do tipo para querer morar em uma cobertura no Conjunto Nacional. Lembro também dos namoros, das festas lá em casa, ainda no apartamento da Pompéia quando você atacou meu licor de pequi. Lembro da canoa havaiana, picada de abelha, temporada Monobloco no Blen Blen, da fase surfista, da fase boxeadora, da fase piauiense. Ah, lembro dos surtos de virar na sexta-feira e achar de ir passar o fim-de-semana em Florianópolis – ah, são 7 horas de viagem, rapidinho – e o melhor era chegar lá, no sábado de manhã e ir direto dar um mergulho na praia mole.

Lembro do carnaval, das baladas intermináveis, de jumps e jumps e jumps dados em tanta gente. E quanta gente veio e se foi, quanta gente passou. Just like Rolling Stones. E como poderia esquecer de São Tomé? Morro das Pedras? Aposto que pouca gente já fez competição da língua mais vermelha depois de comer Pitaya no Mercadão. Amizade boa é assim, improvisada – simplesmente acontece e daí saem os melhores momentos e você não precisa seguir nenhum roteiro. De repente um surta daqui, outro surta de lá, sumia, aparece, não quer falar com ninguém – e todos os momentos foram respeitados e no final, nada mudou entre a gente.

E agora Austrália. “Moço, por favor, me vê a passagem pro lugar mais longe que tiver”. E lá vão acontecer coisas maravilhosas, você vai encontrar pessoas surpreendentes e com certeza vai carregar mais um monte de estórias inenarráveis que, como as nossas, só quem viveu pode contar. E o que mais posso desejar para você a não ser que você arrase naquele lugar – que viva tudo o que gente viveu por aqui e muito mais, e que se faça o propósito de ser feliz todos os dias e encontre o que você está procurando. E se precisar já sabe... posso demorar um pouco mais para chegar, mas vou lá te buscar (tem o lance da grana, passagem cara, não é ali em Floripa, mas a gente tenta mesmo assim). E como eu disse, estamos entrando em uma nova era. Queria dar um pulinho ali no futuro para ver como serão os próximos capítulos, mas vamos deixar eles lá. Algo me leva a crer que eles serão muito bons.

Boa viagem guria! Você vai fazer falta, mas ok, vou ser bonzinho com os australianos e ceder você um pouquinho para eles! Que comece o próximo round!

Mostra - Dia 5 - Terça-feira

Correria nesta segunda para poder chegar no Frei Caneca às 17h20 a tempo do primeiro filme e ainda tentar encontrar o pessoal da produção do "Sonho de Peixe" para bater um papo. Mas deu tempo, conversei com a Fernanda, a produtora que contatou o Arturo há uns dois anos procurando produtores locais para a empreitada. Não me lembro direito qual a razão mesmo de não ter dado certo, acho que o Arturo já estava indo pra Barcelona e tudo o mais, mas enfim, se arrependimento matasse pois... o filme é ótimo. O Mitch já estava lá para a sessão de "O céu de Suely", a Stela não pode ir na primeira sessão e então acabei fazendo uma boa ação com o ingresso dela doando para um cara que conheci na fila. Deu tempo para bater um papo com o Lucas lá fora, trocar os ingressos e tudo o mais. Três filmes, dois nacionais e um australiano. Karim Aïnouz deu uma palavrinha antes do seu filme. O Kirill também. Uma pausa para um choppito e o almoço do dia às 9h da noite para poder seguir para o último filme da noite.

O céu de Suely de Karim Aïnouz (Brasil)
Estava comentando com o Mitch ontem que os filmes desta mostra são similares quando nos apresentam personagens sem rumo, perdidos em si mesmos, e ainda que lutem bastante, estarão sempre sujeitos às suas circunstâncias e fatalidades. Talvez isso seja um reflexo da nossa própria contemporaneidade - todos tão imersos em seus próprios fantasmas ou nas circunstâncias que não conseguem mais traçar sua própria trajetória. Enfim, assim o é em "O céu de Suely", a personagem se perde em suas próprias vontades, abandona São Paulo, volta ao sertão só para quando lá chegar perceber que ali não era o lugar que desejava estar, apesar da saudade e a falta de rumo a levarem de volta em busca de um refúgio, abrigo. A luta contra algo invisível, a ordenação de sentimentos complexos e involuntários. Dois momentos sublimes: a cena do jantar (que é de dar nó na garganta) e o final, quando ela parte - sua camiseta nos lembra uma roupinha de criança, um retorno à esperança; e a cidade ficando para trás, inerte. Karim nos deixa claro que a vida é um jogo, e faz isso muito bem.

Sonho de Peixe de Kirill Mikhanovsky (Brasil)
Não esperava grandes coisas deste filme. Onde já se viu, um russo falando sobre um país que ele mal deve conhecer. Pois é, paguei minha língua. O cara fala sobre o país "que ele não conhece" muito bem - está lá o Brasil verdadeiro, com pessoas reais, do jeito que elas realmente falam. Se você já esteve no nordeste, já visitou o sertão, pode concordar comigo. "Sonho de peixe" é a estória de Jusce, um pescador que mora em um vilarejo em algum lugar do Rio Grande do Norte. Ele é apaixonado por Ana, que vive em função de uma novela mexicana. A sinopse parece um verdadeiro dejà vu, mas Kirill consegue abraçar a alma das pessoas que vivem naquele lugar, a estória é mera coadjuvante - temos um Jusce que encarna com tamanha veracidade seus desejos, anseios, fragilidades e medos sem que precise colocar nenhum destes sentimentos em um mero diálogo. Ótimo filme.

Candy de Neil Armfield (Austrália)
Christiane F. foge para a Austrália, assume o nome de Candy, conhece o cara de Brokeback Mountain, que depois de perder seu amor, se afundou nas drogas, e assim os dois vivem o pior dramalhão do gênero com todos os clichês que se tem direito. Digno de uma sessão especial de Supercine. Variação de um mesmo tema sem tom algum.

terça-feira, outubro 24, 2006

Rapidinhas #3


FESTA DE DESPEDIDA DA KÁTIA NA CASA DA MELISSA SEXTA-PASSADA
Só um highlight da festa de sexta-passada na casa da Mel. Destruidora. Completamente destruidora. Festa estranha com gente esquisita, mas foi legal, bem legal. Visita de viaturas, negociações com a polícia, escândalos de vizinhos às 5 da manhã, gelapinga, tequila ice vinda diretamente do México (believe it!), minha máscara tosca (conforme vocês podem ver assinalada na foto), enfim, no comments! Mais sobre a despedida da Kátia depois.

Rapidinhas #2

ADMIRAÇÃO MÚTUA E AINDA BISHOP ALLEN
Além do filme ser muito bom, como comentei abaixo, "Admiração Mútua" ainda tem uma trilha bacana feita basicamente de bandas indies americanas. Uma delas é a tal de Bishop Allen, que é muito boa, um som gostoso de ouvir - e o vocalista da banda é um dos atores principais do filme. Dêem uma conferida no site deles, tem várias músicas para download, e principalmente em Click click click camera, pela qual já estou viciado - ótima música para ouvir com os fones de ouvido, andando de ônibus, vendo pessoas na rua - andando, esperando, rindo, gritando - e no final você dá aquele leve sorriso de canto de boca pra vida... tudo parece um clipe.

take another picture with your
click click click click camera
take another picture with your
click click click click camera

Rapidinhas #1

O MELHOR DE LOST
Acabei de assistir a primeira temporada e ainda não captei qual a razão de tamanha histeria coletiva em torno desse seriado. Ok, ok, eles abrem a tal da portinhola mas passar uma temporada inteira só pra chegar nisso? Que bosta! Mas enfim, a série tem seus pontos altos (e não é a Kate!) - o melhor momento foi a musiquinha que o Hurley escuta no final do terceiro episódio, que fui pesquisar depois. É de um tal de Joe Purdy, um artista bem bacana com musiquinhas bem bacanas para se ouvir achando que você está no Hawaii, principalmente a música que toca neste episódio, chamada "Wash away". Há várias outras disponíveis para download no site do cantor. Vale a pena conferir. O seriado, nem tanto.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Mostra - Dia 3 - Domingo

Acordar, ir tomar café-da-manhã na Bella Paulista com a doce companhia de Stelitcha, Renatinha e Laurinha. Ainda que a Rê tenha ficado jogando água fria na nossa fissura pela Mostra de Cinema e nos filmes que iríamos ver, que, conforme ela mesma disse, "são aqueles filmes iranianos com cenas que duram meia hora sobre a mosca pousando na folha". Não vou comentar.
Mas então, o café-da-manhã foi bom, rápido mas bom. Depois, Stela e eu corremos para o Cine Bombril para nossa sessão, a primeira de cinco.

Admiração Mútua de Andrew Bujalski (EUA)
O melhor filme até agora. Fiquei apaixonado por este filme. É o que aconteceria se a Nouvelle Vague acontecesse agora e nos Estados Unidos. Drama cotidiano com personagens tão reais que o roteiro parecia uma transcrição dos encontros dos amigos lá em casa. Com certeza este filme não vai sair nem em dvd aqui no Brasil, portanto, se puder, vá assistir. É sobre a estória de Alan, um músico que se muda para Nova York na tentativa de fazer sua banda dar certo. Lá passa os dias com o melhor amigo Lawrence e sua namorada Ellie, em discussões bêbada-filosóficas intermináveis, que resultam em sentimentos mal resolvidos e situações mal trabalhadas. O mais gostoso de tudo é a surpresa que um achado destes, no meio de tantos filmes, te proporciona.

A Promessa de Chen Kaige (China)
Só pode ser uma sátira de "Herói" ou de "O clã das adagas voadoras", não existe outra explicação. Risque da programação.

Climates de Nuri Bilge Ceylan (Turquia)
Isa, um professor universitário, é um marido (ou namorado, isso não fica claro no filme) egoísta e ausente para sua esposa/namorada Bahar, que trabalha em uma emissora de TV como diretora de arte de um seriado qualquer. Isa não se comunica, não consegue e não quer, e Bahar não consegue nada além de agir como uma criança indecisa sobre seu próprio relacionamento. Teve gente que gostou, teve gente que não gostou. O filme é lento. A Stela dormiu e acordou e a cena do ator fumando o cigarro não tinha terminado (brincadeira), e, sim, tem cenas de uma abelha pousando sobre a folha que quase duram meia hora. O filme não tem nada de original, mas eu gostei. Gostei dos planos - todos eles muito pensados com o cuidado de um diretor meticuloso. O roteiro não tem nenhum plot, o filme segue chapado do início ao fim, seus personagens não tem "salvação" nem passam por nenhum processo de "transformação". O homem continua egoísta e rude, a mulher continua infantil e abandonada. Mas aí lembro da sinopse da mostra - "O homem foi criado para ser feliz por uma simples razão e para ser infeliz por outras razões ainda mais simples, da mesma forma que nasce por uma simples razão e morre por outras mais simples ainda" - e com o filme fica claro que a única razão para não ser feliz é realmente não querer, não mudar, nem empenhar nada por isso.

A Última Noite de Robert Altman (EUA)
O grande diretor de "Short Cuts" e de outros grandes filmes faz feio em seu último trabalho. "A Última Noite" é dispensável, completamente descartável. Um elenco estelar desperdiçado com um roteiro pobre e sem sentido, que no final dá a sensação de "ok, não me interessa muito a vida destas pessoas pois elas não tem nada para mostrar". Só vá assistir se você quiser muito saber os jingles de todos os produtos mais esdrúxulos dos Estados Unidos, pois o filme reserva quase uma hora para 200 deles e meia-hora para o desenvolvimento da estória de 10 personagens diferentes. Enfim, só entrei nesta sessão porque "El Labirinto del Fauno" estava lotado mas chega de ver "grandes diretores" na mostra. Vamos em busca dos "achados".

Os Estados Unidos contra John Lennon de David Leaf e John Scheinfeld (EUA)
Ok, o tom pode ser meio de documentário da Discovery Channel, como disse um companheiro de mostra antes de começar a sessão de "Infância Roubada", no sábado. Ok, sou suspeito para falar já que adoro o assunto. Ok, existem vários documentários sobre Lennon. Mas, de qualquer forma, vale a pena ir conferir este aqui, sobre o envolvimento do cantor e de sua mulher nos movimentos pacifistas na década de 70 contra a guerra do Vietnã e tudo o que isso gerou contra os dois - embates políticos com o presidente Nixon, investigações do FBI, a iminente deportação dos EUA e o assassinato do cantor em dezembro de 1980. Os diretores não segue a linha de Michael Moore, não tentam provar nenhuma teoria da conspiração, apenas expõem alguns fatos, e isso pode ser frustrante para alguns já que o assunto fica meio na superfície. Mas mesmo assim, vale a pena.

Mostra - Dia 2 - Sábado

Depois da festa de sexta achei que não haveria condições nenhuma de continuar a empreitada, mas até que deu com direito a Cirque du Soleil na sequência. Mais sobre a festa depois. O sábado foi meio conturbado, Stela e eu iríamos ver três filmes, todos no Frei Caneca. Encontrei o Fernando, que está trabalhando na monitoria da Mostra, fazia muito tempo que eu não o via. A primeira sessão, do "Infância Roubada" começou muito atrasada porque o rolo não chegava, depois quando achamos que ia começar, começa com o filme errado, todo mundo reclamando, os cinéfilos de carteirinha fazendo protesto, cena mais do que engraçada. Ô povo estressado! E ainda a película quebra no meio do filme, eita sorte!

Infância Roubada de Gavin Hood (África do Sul)
O filme ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano e, assumo, foi o porquê de eu querer assistí-lo. Mas o filme é bom, muito bom. A produção é simples, não tem os melhores planos, etc e tal, mas a estória é densa e a atuação é boa. Gostei bastante. Dá até pra chorar. Estou com preguiça de escrever a sinopse, mas é só acessar o link aí em cima.

En Soap de Pernille Fischer Christensen (Dinamarca)
Uma tragicomédia sobre Charlotte, uma cabelereira impetuosa que se muda para um novo apartamento para fugir de seu ex-marido e lá conhece (e se apaixona por) Veronica, um transsexual que passa os dias de profunda monotonia assistindo a novelas (soap operas) americanas ao lado do cachorro - daí o título do filme. Como disse o Mitchel em seu blog hoje, o filme é produto do Dogma dinamarquês, com uma atmosfera seca e que se vale das intenções não reveladas de gestos e olhares dos personagens, lidando com suas fraquezas, desejos e necessidades. Entretando, são personagens reais - você pode jurar que já viu Veronica na Praça Roosevelt. O filme é dividido em capítulos, e os interlúdios são quase como um dejà vu de Amelie Polan, o que confere alguma graça ao filme e quebra seu ritmo lento. Bom filme, gostei.

Parque de Kurt Voelker (EUA)
Comédia pastelão americana que eu encaixei na programação só porque já estava lá no Frei Caneca e era o único que dava para assistir antes de ir pro Cirque. O filme é bobo, dá para você dar umas gargalhadas, mas é só isso. É o primeiro longa do diretor. Será que ele tem futuro? Talvez ele consiga fazer um "Todo mundo em pânico - Parte 5" diferente.

Mostra - Dia 1 - Sexta-feira

A Mostra Audiovisual de São Paulo começou na sexta-feira passada, ainda no meio da correria dos cinéfilos tentando montar suas programações, etc e tal. Marquei com o Michel e lá fomos nós para o início de nossa saga luminosa dos incontáveis frames que teremos pela frente nestes 15 dias.

Flandres de Bruno Dumont (França)
Flandres é uma região histórica da Europa que incluía uma área, variável, que hoje é ocupada pelas províncias belgas da Flandres Oriental e Flandres Ocidental, o Departamentos franceses do Norte e Pas-de-Calais e parte da província neerlandesa da Zelândia. Não existe, porém, uma área geográfica precisa que se tenha mantido inalterável ao longo dos séculos com o nome de Flandres. Nesta mesma região, passa-se a estória de André, um fazendeiro cuja vida passa lentamente sem significado algum, a não ser pela presença de Barbe, sua amiga de infância. Vidas sem rumo, marasmo em uma região próxima ao nada, onde só o que existe é a lama deixada pela neve que não pára de cair. A alternativa para André é se alistar no exército e partir para a guerra, que no filme não tem tempo nem espaço, pode ser qualquer uma pois será sempre a guerra pessoal do personagem. E tudo o que lá acontece é mais ainda sem significado, violência brutal para um coração já rude. Ele retorna, Barbe o espera. Um amor, impossibilidade de comunicação, personagens incapazes de se expressar buscando a remissão e a redenção. Um bom filme, um pouco lento, mas um bom filme, principalmente pela construção das personagens.

12:08 A Leste de Bucareste de Corneliu Porumboiu (Romênia)
O filme é tosco mas é meu amigo. Tem de tudo - boom entrando no quadro, câmera torta, tremedeira. Enfim, mas não é que o filme é bacaninha e te faz dar um monte de risada graças a atuação impagável dos atores. O roteiro trata da revolução que, supostamente, destronou o ditador Nicolau Ceaucescu em 1989. Dezesseis anos depois, um jornalista que possui um dos piores programas de televisão que eu já vi, resolve celebrar o aniversário da revolução fazendo um levantamento dos fatos com o intuito de esclarecer se realmente houve revolução ou se o tal ditador simplesmente abdicou. O que se passa depois é uma sequência satírica sobre o tal episódio.

Operação "Os incomodados que mudem o mundo"








Estava devendo este post sobre o Dia das Crianças, quando a Melissa lançou a campanha "Os incomodados que mudem o mundo" e começamos a montar a operação que se resumiria a visitar alguns orfanatos e distribuir brinquedos. Tudo começou muito antes, claro. Conseguimos doações de alguns brinquedos com pequenos defeitos da Mattel e da Estrela e também arrecadamos cerca de R$ 400 para comprarmos o restante na 25. E lá fomos nós, na quarta-feira que antecedia ao feriado, para a "war zone" com a missão de encontrarmos brinquedos para todas as crianças. E achamos. Para todas as 200 crianças - é impressionante, mas tinham umas bonecas-cópias da Barbie a R$ 2. E quinta-feira, por volta das 11h, nos dirigimos ao Castelinho - uma creche que fica ao lado do castelinho da São João, embaixo do elevado. Cerca de 80 crianças nos aguardavam para começar a festinha, e foi uma festa mesmo. Bolinhas de sabão, nariz de palhaço, pintura no rosto - "tio, eu quero um golfinho!", distribuição dos brinquedos e preparação do lanche, para depois conversarmos com a Maria, coordenadora da creche e do núcleo de mães, sobre a situação da instituição e das crianças que dela participam, e a constatação foi demais de triste - algo que não precisa muito para percebermos, só mesmo a vontade. Saímos de lá ainda meio atordoados com a situação miserável daquelas pessoas e fomos para outro orfanato no Morumbi - uma instituição bem organizada e com uma infra-estrutura bacana. As crianças eram todas órfãs, ora abandonadas pelos pais ora retiradas dos mesmos por abuso ou maus-tratos. Tinha até o caso de um bebê que foi achado na rua, dentro de uma sacola, há apenas duas semanas antes da nossa visita. Brincamos bastante, corre-corre, ajuda a montar os brinquedos, colo daqui, colo de lá, a vontade grande de adotar um guri que era minha cara. Pois bem, depois, ainda sobrou tempo para visitar outro orfanato perto do Taboão da Serra, com cerca de 30 crianças. Estes não tinham recebido nenhuma visita e não iam ter dia das crianças - e por pouco não íamos visitá-los, não fosse a insistência da Melissa. E foi bom, no final, todos felizes.
E como disse a Melissa, isso não vai mudar a situação deles, mas pelo menos vai fazê-los pensar em outra coisa e sorrir, nem que seja por um dia. E ainda descobri que posso ser marioneteiro!
Agradecimentos mil a equipe: Mel, Adriana, Matheus, Fafá, Stelinha e Murilo; e a todas as pessoas que ajudaram com grana e esforço: Li, Renata, Gil, Made, Rodrigo, Renatinha, e os outros que talvez tenha esquecido de mencionar.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Mostra de Cinema

Finalmente começou a Mostra! Depois de muito quebrar a cabeça montando minha programação, finalmente ela está completa. Dessa vez acho que vou conseguir ver quase todos os filmes que queria muito ver e que com certeza não terei paciência de esperar pela estréia, isto para aqueles que realmente irão estreiar pois nem todos virão. A programação está aqui para quem quiser me acompanhar. Garanto que o programa é imperdível, fora toda a aura cinéfila que permeia o evento. Tentarei colocar as resenhas aqui, mas como vocês podem ver pela programação, os dias serão insanos.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Turistas - O Filme


Mais uma promessa na lista de filmes candidatos à merda do ano. Esse daí, "Turistas", deve estreiar em dezembro nos EUA e fala sobre um grupo de amigos mochileiros que vem de férias ao Brasil e, depois de praia, sexo, cachaça e muita diversão, cai no golpe do "boa noite Cinderela", é levado para uma casa no meio da floresta e lá são torturados até a morte. Deve ser algo no estilo "O Albergue", ou uma cópia mal feita, ou sei lá o quê. Vai saber o que se passa na cabeça das pessoas. Você pode checar o trailer completo (com as cenas "brasileiras") aqui.

Vagabundos Iluminados

Eu também tinha comprado leite e jantamos só bife e leite, um belo banquete
de proteínas, agachados lá na areia enquanto os carros passavam zunindo na
rodovia ao lado da nossa fogueirinha. "Onde foi que você aprendeu todas
essas coisas esquisitas?", ele riu. "E você sabe que eu digo esquisito, mas
há alguma coisa extremamente sensata nisso tudo. Aqui estou eu me matando
para dirigir esta carreta para cima e para baixo, de Ohio a Los Angeles, e
ganho mais dinheiro do que você já teve em toda a sua vida de andarilho, só
que quem está aproveitando a vida é você, e além do mais, também aproveita
sem trabalhar nem ter muito dinheiro. Então, quem é o esperto, eu ou você?"
E ele tinha uma casa bacana em Ohio com mulher, filha, árvore de Natal, dois
carros, garagem, gramado, cortador de grama, mas não conseguia aproveitar
nada porque não era verdadeiramente livre. Era uma triste verdade.
Entretanto, aquilo não significava que eu fosse um homem melhor que ele, ele
era um sujeito ótimo e eu gostei dele e ele gostou de mim e disse: "Bom, vou
te dizer, o que você acha de eu te levar até Ohio?".

::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Extraído do livro
"Vagabundos Iluminados", de Jack Kerouac - cap.18

Busy days

Muita coisa está acontecendo mas ando tremendamente sem tempo de postar
nada. Mostra de cinema, os cursos que estou fazendo, mudanças que estão
chegando, a ação do Dia das Crianças, enfim. Vou tentar atualizar logo mais.

quarta-feira, outubro 11, 2006

Seeya Monday

Semana um pouco tumultuada esta. Bastante trabalho, teatro, leituras e
correrias com as coisas para o Children's Day amanhã. Bastante gente doou
grana e conseguimos comprar muitos brinquedos - depois de enfrentar a "war
zone" que é a rua 25 de março. Conseguimos doações de dois fabricantes de
brinquedos e acho que temos brinquedo suficiente para visitar duas creches,
totalizando umas 200 crianças. Agora é separar o nariz de palhaço e ir pra
farra com os pequenos! Espero que dê tudo certo! Fim das transmissões! Vejo
vocês na segunda.

terça-feira, outubro 10, 2006

Bom dia Brasil!


Se tentar isso em casa, não esqueça de escovar os dentes!

segunda-feira, outubro 09, 2006

Brinque com a gente

Dia 12 é dia das Crianças e como já fizemos outras vezes, estamos
organizando uma visita a alguns orfanatos para brincar com as crianças e
levar alguns brinquedos. Já conseguimos a ajuda de uma fábrica de
brinquedos, que doou umas peças bem bacanas. Estamos arrecadando grana para
comprar mais brinquedos na 25 de março nesta quarta-feira, pois na
quinta-feira, logo cedo, a caravana segue rumo aos faróis e viadutos da zona
leste, além dos orfanatos. Se você quer ajudar ou participar ou topar se
vestir de palhaço e ver que seus problemas são tão pequenos perto dos
problemas dessas crianças, venha com a gente! Garanto que vai valer mais a
pena para você do que para eles!

sexta-feira, outubro 06, 2006

Sometimes

Algumas vezes você precisa tomar algumas decisões que te deixam péssimo.
Hoje está sendo um dia desses. Basta esperar que estas decisões conspirem
para o bem de todos, para quem tomou a decisão e para as pessoas diretamente
envolvidas nas consequências. Às vezes, o medo de mudar só impede que coisas
melhores venham. Quase sempre é assim, não é mesmo?

Gob Squad



SUPER NIGHT SHOT
Ainda estou tentando classificar o que eu vi ontem, se era cinema, performance, teatro. Vou por na lista de teatro, um novo tipo de teatro. Cheguei no teatro do SESC Anchieta ontem e havia uma aglomeração de pessoas e um louco gritando, "Gente, quando eles chegarem quero todo mundo gritando e jogando confetti e serpetina! Eles merecem uma recepção calorosa de vocês". Ok, ok, não entendi nada, ainda mais vendo aquela placa onde estava escrito FIM, na entrada do teatro. Como assim, chegamos no final? De repente chegam os 4 atores, semi-nus, suando, carregando câmeras e filmando a agitação da platéia. Passado o alvoroço inicial, todos entram, se acomodam ante 4 telões pendurados no palco e, depois de alguns minutos, começa uma projeção. O esquadrão, Gob Squad, formado por 4 personagens-atores-pessoas, tinha a missão de acabar com o anonimato das ruas fazendo um filme sem edição nem cortes, com a duração de uma fita, que trouxesse o real para dentro da ficção. Cada um dos integrantes do esquadrão deveria sair às ruas e voltar com o filme pronto, encarnando um papel diferente. Um deles seria o herói, que faria qualquer coisa para ajudar as pessoas nas ruas. Outro deles, seria responsável por achar a mocinha que beijaria o herói no final. Outro deles, o responsável por ser o relações públicas do herói, cuidando da divulgação, e o outro, o responsável por achar a locação perfeita para o beijo no final do filme. E lá vai o bando de malucos pelas ruas, fazendo uma série de prezepadas, e o último momento do filme é o começo da peça, que contei acima, quando eles chegam no teatro. A projeção do que os quatro captaram é simultânea, então, você assiste aos quatro vídeos de uma vez e tem noção exata do transcorrer da "trama". E realmente, foi tudo filmado uma hora antes da peça começar. As pessoas que foram filmadas na rua estavam lá no teatro, realmente aparecemos no vídeo quando eles chegaram no teatro, etc e tal. Uma viagem! Pena que foram só três dias em São Paulo. Agora, se você quiser ver, terá que ir ao Rio... ou para a Alemanha ou Londres, pois o Gob Squad é um grupo brit-germânico que é responsável por dezenas de performances relâmpagos em espaços públicos... que Mob Flash que nada...

quinta-feira, outubro 05, 2006

Little Miss Sunshine (2006)



PRETEND TO BE NORMAL
Terça-feira fui à pré-estréia de Little Miss Sunshine, dos diretores Jonathan Dayton e Valerie Faris. Filme independente que foi o queridinho do ano no Festival de Sundance. Claro, quando falo de cinema independente minha pré-disposição em assistir o filme aumenta e a vontade de ver quais tipos esquisitos irão desfilar na tela me deixa com uma certa ansiedade em ver logo a fita. E todo mundo tem essa certa noção de que o cinema independente americano é um zoológico de tipos estranhos. Ao mesmo tempo digo que o cinema independente nos presenteia com filmes maravilhosos, performances soberbas e nos oferece uma nova forma de olhar para as coisas - basta citar Monster, Meninos não choram, Transamérica, etc etc etc. E na esteira dos estigmas do cinema independente americano aparece essa gracinha de filme que é Little Miss Sunshine, uma comédia que não subestima o espectador, possui personagens densos e cativantes, todos com suas idiossincrasias, fazendo o riso ir brotando facilmente para no final te levar às gargalhadas. Trata-se da estória de Olive, uma garotinha desprovida de malícia, que descobre que irá participar das finais de um concurso de beleza infantil, podendo tornar-se a nova Miss Sunshine. Partindo dessa premissa, lá vai a família inteira cruzar o meio-oeste americano dentro de uma kombi para que a garotinha possa realizar seu sonho. A partir daí, você pode esperar todo o tipo de situações. Os "freaks" do filme se mostram humanos, cada um com seus sonhos, necessidades e inseguranças, mas o melhor é que cada um nunca deixa de sentir o poder de ser ele mesmo, no matter what. Os diretores não possuiam experiência no cinema - no currículo do casal apenas clipes e musicais, mas para bandas do nipe de R.E.M, Weezer, Smashing Pumpkins, Ramones, Jane's Addiction. Daí já dá pra tirar que os caras falam outra língua.

Are you from Barcelona?



Postei esse vídeo há uma semana mas não sei por qual razão só entrou agora. E acho que nem está funcionando. Mas é o clipe do I'm from Barcelona, aquela banda sueca freakfolk que lhes falei semana passada.

Song: We're from Barcelona
Band: I'm from Barcelona

terça-feira, outubro 03, 2006

...

Sucesso é conseguir chegar ao final da busca.

...

O que uma lagosta tece lá embaixo com seus pés dourados?
Respondo que o oceano sabe.
Por quem a medusa espera em sua veste transparente?
Está esperando pelo tempo, como tu.
Quem as algas apertam em teus braços?, perguntas mais firme que uma hora e
um mar certos?
Eu sei perguntas sobre a presa branca do narval e eu respondo contando como
o unicórnio do mar, arpado, morre.
Perguntas sobre as plumas do rei-pescador que vibram nas puras primaveras
dos mares do sul.
Quero te contar que o oceano sabe isto: que a vida, em seus estojos de
jóias, é infinita como a areia incontável, pura; e o tempo, entre uvas cor
de sangue tornou a pedra lisa encheu a água-viva de luz, desfez o seu nó,
soltou seus fios musicais de uma cornicópia feita de infinita madrepérola.
Sou só uma rede vazia diante dos olhos humanos na escuridão e de dedos
habituados à longitude do tímido globo de uma laranja. Caminho como tu,
investigando as estrelas sem fim e em minha rede, durante a noite, acordo
nu. A única coisa capturada é um peixe dentro do vento.

Pablo Neruda

A melhor novela dos últimos tempos e algumas conspirações

Há tempos não víamos tão excelente novela no Brasil como esta das últimas eleições. Todos os tipos estavam lá - inclusive os mais bizarros como o Super Moura, o Sargento Isidoro, o profeta Zé "Bin Laden" Muniz, a Super Zefa, o ravero Alexandre Bacchi; as celebridades Clodovil, Frank Aguiar, Camila Kiss, entre uma infinidade de outros seres provenientes de sabe Deus onde. Mas a verdadeira tensão recaiu sobre a disputa entre o mocinho Xuxu Alckmin e o vilão Lula Sabe-nada, e agora, nestes últimos capítulos, ninguém tem nem idéia de como será o final, porque essa novela realmente está surpreendendo a todos. Será que o vilão vai conseguir levar a melhor?

Ontem durante o almoço ouvi um cara (que também parecia ter saído de alguma tirinha de jornal do Angeli) dizer que essa história da queda do avião da Gol é pura conspiração eleitoral. Segundo o ser estranho, um passageiro com provas contudentes contra o governo tucano se dirigia a Brasília para por a boca no trombone quando os americanos do Legacy fizeram um ataque terrorista e derrubaram o Boeing para garantir que Lula não ganhasse as eleições, garantindo um bom relacionamento americano com o Brasil nos próximos quatro anos. Será?

segunda-feira, outubro 02, 2006

Now and then

Fim-de-semana nada muito proveitoso. Muita chuva em São Paulo, nada a fazer. Teatro sábado a noite, depois de dormir o dia inteiro. Mais uma peça ruim. Domingo, almoço em família, votar, passar a tarde conversando com o Lê, que é sempre bom. Se jogar no sofá da casa de mamis e ficar assistindo filme, depois voltar para casa debaixo de chuva, às 11h da noite. Depois, passar a madrugada muito louco tendo conversas filosóficas e momentos catárticos com o Gil. Que foi muito bom e mais do que necessário.

World Trade Center



Esqueci de mencionar que depois de deixar o Edouard no aeroporto fomos ao cinema ver "World Trade Center", ou "As Torres Gêmeas", o título em português. Esqueça Oliver Stone, ele já foi bom. Esqueça esse filme também - melodramático até o talo (tudo bem, eu chorei mas isso não conta, já que até os episódios de "Extreme Makeover - Reconstrução Total" do People&Arts andam me fazendo chorar ultimamente). O filme é um deja vu de "O Resgate de Jéssica", tá lembrado? Aquele clássico da Sessão da Tarde, que com certeza gastou muito, mas muito menos para fazer o mesmo que Stone fez com esse filme. E meu Deus, o que era aquela cena de Jesus aparecendo com a garrafa d'água?

Last days










Last days. Fotos da festa lá em casa quarta-feira passada (ou aliás, fotos do final da festa), que descambou como sempre e acabou com performances memoráveis e alguns joguinhos nada familiares, além de vizinhos, zelador e síndico batendo na nossa porta para saber o que estava acontecendo. Não vou colocar todas as fotos pois algumas seriam censuradas, claro! Quarta-feira foi uma noite para entrar no calendário "Viver para contar", pois depois de tudo que rolou na festa censurada ainda fomos parar no Vegas, que estava vazia, e depois na dEdge, onde acabei dormindo no sofá e não lembro de nada do que aconteceu lá. Fui dar por mim sentado na sarjeta, perto do Burdog, em frente ao ponto de ônibus da dr. Arnaldo, naquela situaçãozinha que nem vale a pena comentar. E depois Umer, Edouard e eu azucrinando as pessoas na rua enquanto voltávamos para casa e por fim, uma bronca daquelas do zelador e eu, bêbado, abraçando o coitado e pedindo desculpas. Deplorável. O Umer iria embora logo mais para Porto Alegre, eram suas últimas horas em Sampa.

Quinta-feira foi a inauguração da exposição "H2O", da Do It!, lá no Senac Santo Amaro. Fomos para lá Melissa, Edouard e eu para encontrarmos o povo e bebermos um prosecco na faixa. Depois, enfrentar a vila Olímpia e se jogar no Monobloco, causando muito no templo dos mauricinhos de São Paulo, se sentindo livre para dançar quadrilha, fazer trenzinho e pular que nem um louco fazendo empurra-empurra com os que estavam deslocados no show, hohoho! Depois do Monobloco, esticada até a D-Edge para encontrar a outra turminha - Gil, Fernanda, Rapha e Rifi, e "se jogar" mais um pouco. Esta quinta-feira na D-Edge vai guardar lembranças que vou carregar para sempre, com certeza. Boas lembranças.

Sexta-feira, dia de dizer au revoir ao Edouard. Fomos levá-lo ao aeroporto e, adeus. See you in France!
Creio que existem coisas que são pré-determinadas a acontecer, pessoas que você está, por alguma razão, pré-determinado a conhecer. Acho que foi isso que aconteceu com a vinda do Edouard pra cá. Coisas para as quais não há explicação, elas simplesmente acontecem e você sente que não foi por acaso. Mas pondo isso de lado, o que importa é que nestas últimas três semanas tivemos a lot of goddamn good moments.

sábado, setembro 30, 2006

...

Musiquinha foda esta do novo álbum do Snow Patrol, Eyes Open, chamada "Set the fire to the third bar", um dueto com a cantora folk Martha Wainwright.

I find the map and draw a straight line
Over rivers, farms, and state lines
The distance from here to where you'd be
It's only finger-lengths that I see
I touch the place where I'd find your face
My finger in creases of distant dark places

I hang my coat up in the first bar
There is no peace that I've found so far
The laughter penetrates my silence
As drunken men find flaws in science

Their words mostly noises
Ghosts with just voices
Your words in my memory
Are like music to me

I'm miles from where you are,
I lay down on the cold ground
I, I pray that something picks me up
And sets me down in your warm arms

sexta-feira, setembro 29, 2006

Frase do dia

"I can resist everything except temptation."
- Oscar Wilde -

quinta-feira, setembro 28, 2006

Biscoitinhos da sorte

Algumas vezes as mensagens desses biscoitinhos da sorte que vêm junto com a comida chinesa me deixam realmente encafifado. Check this out:

Você tem uma bagagem excepcional para o sucesso, use-a adequadamente.

O que será que eles quiseram dizer?

My master Kerouac

Comprei o dvd com o documentário sobre Jack Kerouac, o único ídolo confesso que possuo! Ainda não assisti, então não posso falar se é bom ou não, mas...

About advertising

Existe um novo conceito em comunicação que se chama Marketing de Permissão.
Não creio que seja assim tão novo, já que o modelo é baseado em recompensas.
Você se cadastra, recebe e-mails, mala-direta, ligações, em troca da chance
de ganhar alguns prêmios. Mas fiquei pensando bastante em como a relação
consumidor/propaganda está mudando. Seth Godin, presidente da Yoyodine, uma
empresa especializada em Permission Marketing, disse uma vez que:

The biggest problem with mass-market advertising is that it fights for
people's attention by interrupting them. A 30-second spot interrupts a
"Seinfeld" episode. A telemarketing call interrupts a family dinner. A print
ad interrupts this article. "The interruption model is extremely effective
when there's not an overflow of interruptions". "But there's too much going
on in our lives for us to enjoy being interrupted anymore." You have to turn
attention into permission, permission into learning, and learning into
trust. Then you can get consumers to change their behavior.

Realmente estamos entrando em uma nova era. Antes éramos bombardeados
gratuitamente por um zilhão de comerciais e anúncios (realidade que ainda
vai demorar a mudar), e cada vez mais passamos a escolher quais comerciais
queremos ver. Aqueles que realmente nos interessam. E até pagamos por eles.
Vivemos a cultura da propaganda. Quando você vai no cinema, por exemplo,
assistir "O diabo veste Prada", está pagando para receber propaganda. A da
moda, nesse caso. Será que nosso estilo de vida contemporâneo já está tão
imbuído desse espírito capitalista para que a propaganda já seja parte tão
essencial do nosso comportamento?

quarta-feira, setembro 27, 2006

A propaganda e a praça pôr-do-sol


Para quem não estava lá no dia em que André resolveu descer a pirambeira em uma porta de armário, a Fallon resolveu fazer um comercial de TV para uma companhia de seguros baseada na minha experiência. Vale a pena!

The swedish guys from Barcelona

Tenho uma relação de amor com cantores e bandas suecas. Cardigans, Concretes, José Gonzales, Peter Bjorn and John, além de Roxette, Abba, Ace of Base (ok, brincadeira, mas Abba é animal e Roxette responde por grande parte da minha emo adolescência há belos anos atrás). E depois do show do Cardigans dia 6/9, comecei a buscar outros artistas suecos pois eles têm "um quê" de diferente que não consigo explicar - tão simples, tão cool, fazem músicas que extraem mais conteúdo do cotidiano e deixam você assobiando o dia inteiro. Pois então, nessas incursões pela música sueca encontrei no MySpace o pessoal do I'm From Barcelona, que é bem bacana. A banda nasceu mais ou menos assim: um cara chamado Emanuel Lundgren fez umas musiquinhas folkpop, chamou todos seus amigos, pôs todo mundo pra cantar e gravou tudo. Depois de algumas semanas com seu apartamento transformado em um estúdio de gravação caseiro, e com as idas e vindas de seus 29 amigos, Emanuel tinha um EP e uma banda, com 30 integrantes. Cool! Vamos juntar a galera e fazer um som pra ver no que que dá. E deu. Os caras agora vivem rodando festivais na Europa. E o som é bem legal! Chequem também o vídeo freakfolk do single deles. O single "We're from Barcelona" fala somente:

We're from Barcelona
I'm gonna sing this song with all of my friends
and we're I'm from Barcelona
Love is a feeling that we don't understand
but we're gonna give it to ya

We'll aim for the stars
We'll aim for your heart when the night comes
And we'll bring you love
You'll be one of us when the night comes

Albergue 339



Sem muito tempo para escrever essa semana, estou tentando colocar algumas coisas em ordem e finalizar alguns jobs pendentes, além das aulas no teatro e todo o blá blá blá rotineiro de quem mora em São Paulo. Hoje fiquei abismado com o tempo que gasto lendo jornal, acessando todos os sites que visito diariamente, lendo todos os blogs que leio diariamente, buscando referências e escrevendo estes posts. Já está mais do que na hora de inventarem o dia com 48 horas.
Bom, desde meu último post nada de mais aconteceu, a não ser uma noitada daquelas na D-Edge sexta passada, que transformou todo o fim-de-semana em algo como "A vingança de Morpheus", pois nunca vi tanto sono acumulado. Resultou que acabei sucumbindo a "Lost" e assisti o primeiro dvd da primeira temporada, isto é, os quatro primeiros capítulos. E na verdade, achei bem chato - aquele lenga lenga sem fim, blarghhh. Mas prometi aos meus caros amigos psicóticos e lost-maníacos que iria continuar assistindo. Sábado foi despedida da Andressa, para sua temporada de mochilão e estudos de flamenco pelo velho continente. E domingo, nada além de acordar tarde, ver filme e dar uma esticada até ALoca porque não conseguia dormir (isso que dá dormir demais em horários não propícios). Na segunda chegou mais um hóspede do albergue 339, o Umer, paquistânes residente em Zurique, que está viajando o mundo - até agora, está visitando o 60o. país. Guri gente boa, tresloucado mas gente boa. Deve ficar até o fim-de-semana. Preciso pensar em coisas para fazer com ele. Hoje o Edouard deve estar voltando para mais uns dois dias em São Paulo e depois au revoir Brésil.

O diabo veste Prada



Vamos aos fatos: o diretor do filme é David Frankel, que não tem nada no seu currículo a não ser ter dirigido alguns episódios de Sex and the City e Entourage para a TV americana, feito alguns curta-metragens e ter ganhado um Oscar por outro curta chamado "Dear Diary" em 1996. Anne Hathaway é a menininha Disney-look que fez "O diário da princesa", parte 1 e 2. E Meryl Streep, well, que diabo chique... Bom, o romance quase autobiográfico de Lauren Weisberger se transforma em uma deliciosa comédia sessão da tarde nas mãos de Frankel, com uma trama que você já viu milhões de vezes sobre a pobre menina que ultrapassa todos os obstáculos em busca do que deseja, sofre o diabo e aprende uma lição moral. Mas nem por isso você está isento de ir assistir, mas vá munido dessas informações: é entretenimento puro, para você desestressar e sair do cinema com um sorriso no canto da boca e cantando K.T. Tunstall (a musiquinha bonitinha do post abaixo). Mas vale a pena ver a atuação de Meryl Streep. Vale pela trilha sonora pop bacanuda. Vale para conferir que a ironia do filme em relação ao mundo da moda recai justamente sobre os não-fashionistas. O filme dá o mesmo peso para os dois lados da moeda, respeitando-os até o fim, e tira um pouco da aura idealista que algumas pessoas querem embutir na rotina. A protagonista, a menina desajeitada e nada fashion que consegue o emprego na mais poderosa revista de moda dos EUA, prova deste mundo considerado superficial e gosta (gosta muito) e mesmo assim não perde seus ideais - pelo contrário, as coisas parecem ter um pouquinho mais de cor e brilho, e no final, o que fica em jogo não é a roupa que você usa e sim sua ética e moral. That's all.

Meu irmão quer se matar (2002)



Fui assistir a "Meu irmão quer se matar", da dinamarquesa Lone Scherfig, membra da gangue do Dogma95 e amiguinha de Lars von Trier e Thomas Vinterberg. Confesso que fui assistir ao filme meio ressabiado, pois com um título desses, o que esperar do filme? Mas deixei os preconceitos de lado e fui. E não é que o filme é bom mesmo? Gostei, gostei bastante. Um filme diferente, de uma sutileza cativante, provocador ingênuo de risadas e dotado de performances muito boas. Trata-se da estória de Harbour, um cara de grande coração que passa sua vida inteira tentando cuidar do seu irmão mais novo (e suicída), Wilbur. A relação entre os dois é de grande afeto, intensificada com a perda do pai, que os deixa uma loja decadente de livros usados em alguma cidade fria e cinzenta da Escócia. Um dia entra na loja uma mulher chamada Alice, acompanhada de sua filha Mary. Ela é faxineira de um hospital e vende os livros que os pacientes deixam no hospital quando morrem. As idas e vindas de Alice até a loja de livros faz com que Harbour se interesse (e se apaixone) pela mulher, resultando no casamento dos dois e o convívio dos quatro personagens sob o mesmo teto - que logo resultará em uma teia de sentimentos que afetará suas vidas e o modo como enxergam a morte. Apesar de tratar de um tema mórbido, o filme possui uma leveza tão grande que você deixa a sala com aquele sentimento de esperança. Roubando uma expressão que ouvi há poucos dias, é um "feeling-good movie". Vale a pena ver! E também conferir a atuação de Shirley Henderson (Alice), que é impressionante (ainda mais quando se sabe que ela fazia o papel da "Murta Chorosa" em Harry Potter). Apesar de ser um filme dinamarquês, ele foi rodado na Escócia, é falado em inglês e não tem nada a ver com o Dogma, como o outro filme de Scherfig, "Italiano para Principiantes", (que também é bem bacana) e que seguia os preceitos dogmáticos de von Trier e companhia.

terça-feira, setembro 26, 2006

...

Suddenly I see
This is what I wanna be
Suddenly I see
Why the hell it means so much to me

Essa musiquinha não é mesmo bonitinha?

quinta-feira, setembro 21, 2006

...

The Best Thing God Has Created
Is A New Day!

Victory Roses



Ou Sigur Rós, em islândes. Como preferir. Essa semana redescobri meus discos do Sigur Rós, e não sei por qual razão, estou ouvindo bastante, especialmente Takk, álbum lançado em 2005, e um dos melhores pra mim. De vez em quando retorno aos rapazes de língua incompreensível e fico assim, meio que hipnotizado, ouvindo a banda por uma semana inteira, sem parar. Hoppípolla, ou "Pulando em Poças", é inebriante. Ouço, ouço, ouço e não me canso. Letras simples, melodia que tira seus pés do chão por alguns instantes, deixa seu corpo sem gravidade. Os caras lançaram seu primeiro álbum em 1997, "Von" (Esperança), seguido de "Ágætis Byrjun" (Um bom começo), que foi recorde de vendas na Islândia e lhes garantiu o disco de platina. Deste feito, o single "Svefn-g-Englar" foi a primeira canção da banda a ser distribuída em outros países e daí para o mundo. Em 2002, os caras lançaram seu terceiro álbum, "( )" e em 2005 veio o excelente "Takk" (Obrigado). Eles passaram pelo Brasil em 2001, na época do extinto Free Jazz, e tive a oportunidade de vê-los este ano no Coachella Music and Arts Festival, no meio do deserto da Califórnia, e a experiência foi única - sentado no gramado, céu azul, sol queimando, ouvindo Hoppípolla e outras canções ecoarem naquele vale, sozinho, curtindo uma viagem muito pessoal. E se não bastasse a qualidade sonora, seus vídeos estão entre os melhores clipes de todo o mundo, basta citar o vídeo de "Svefn-g-Englar". Bom, sem mais delongas, Hoppípolla.

Hoppípolla

Brosandi
Hendumst í hringi
Höldumst í hendur
Allur heimurinn óskýr
Nema þú stendur

Rennblautur
Allur rennvotur
Engin gúmmístígvél
Hlaupandi inn í okkur
Vill springa út úr skel

Vindurinn
Og útilykt af hárinu þínu
Eg lamdi eins fast og ég get
Með nefinu mínu

Hoppípolla
I engum stígvélum
Allur rennvotur (rennblautur)
I engum stígvélum

Og ég fæ blóðnasir
En ég stend alltaf upp
(Hopelandic)

Og ég fæ blóðnasir
Og ég stend alltaf upp
(Hopelandic)

Jumping Into Puddles

Smiling
Spinning 'round and 'round
Holding hands
The whole world a blur
But you are standing

Soaked
Completely drenched
No rubber boots
Running in us
Want to erupt from a shell

Wind in
And outdoor smell of your hair
I hit as fast as I could
With my nose

Hopping into puddles
Completely drenched
Soaked
With no boots on

And I get nosebleed
But I always get up
(Hopelandic)

And I get nosebleed
But I always get up
(Hopelandic)