sexta-feira, abril 11, 2008

Weary

Cacete, estou cansado.

É o barulho das motos em plena Rebouças congestionada... travada... parada... parad... pára. O aparelho celular novo com o qual você perde dois dias tentando desvendar todos os aplicativos que vão fazer você ser uma pessoa conectada a tudo em todos os lugares. Putz, tenho que transferir toda a agenda telefônica mas onde vou achar tempo para fazer isso. A ex-mulher de um amigo dos idos da faculdade, que você não vê há tempos, que te chama para ser padrinho de seu casamento, mas a cerimônia é somente daqui a dois dias e você não consegue dizer não, mesmo tenho uma porrada de coisas para resolver. E você pensa, "há sempre a próxima semana para se resolver tudo". É na próxima semana que você entrega todos os trabalhos pendentes, estuda para caramba e define finalmente aquele personagem da peça em que está trabalhando, finaliza os cartazes que precisa finalizar, começa a academia, dá mais atenção a sua família, passa a se alimentar melhor, a dormir e acordar cedo e vai, inclusive, parar de dar seus passeios noturnos e aprender a dizer não. Sempre a semana seguinte, sempre a semana seguinte. E assim sua dolce vita vai se passando e você nem se dá conta se está realmente aproveitando ou não seus anos mais áureos.

Preciso trabalhar. Mas chego atrasado e começo a percorrer a extensa lista de blogs, sites de conteúdo, redes sociais das quais faço parte, tentando assimilar os que as pessoas legais andam fazendo de legal pelo mundo. Termino duas horas depois, tempo que poderia ter dedicado para eu fazer coisas legais, do meu jeito. Passeio pelo site de estúdios de animação, ilustradores, artistas, músicos e fico pensando, "nossa, como deve ser legal ser assim, conseguir produzir isso, criar aquilo", e vou me alimentando dessa sensação letárgica que nos consome atualmente de projetar-se nos outros e esperar que o gosto pela vida simplesmente brote no seu peito.

Todos os dias ouço mais de dez bandas novas, que alguém me disse que é bacana e está sendo hypada na rede. Conheço todas mas, diferentemente de tempos passados, minha afeição dura pouco tempo e logo chegam novas novidades. Tudo tão efêmero, assim como sinto a minha vida ultimamente. É assim com as bandas, com as séries de TV, com as pessoas que você tenta se relacionar.

Nessas horas dá vontade de fechar os olhos, tirar os pés do pedal e deixar essa bicicleta velha correr ladeira abaixo.

Um comentário:

Michel Simões disse...

Sempre as mesmas perguntas e perguntas nem sempre são sinceras. Quase nunca são.