segunda-feira, dezembro 17, 2007

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Ontem, minha amiga secreta, Stela, me presenteou com As Cem Melhores Crônicas Brasileiras, compiladas por Joaquim Ferreira dos Santos, e, logo de cara, antes de dormir, já me deparo com este texto do Caio Fernando Abreu, sempre eterno, sempre olhando para a beleza das coisas simples. Reproduzo o texto abaixo, que por sinal vem bem a calhar com essa época infâme que é o final de ano.

Zero Grau de Libra

por Caio Fernando Abreu

O Sol entrou ontem em Libra. E porque tudo é ritual, porque fé, quando não se tem, se inventa, porque Libra é a regência máxima de Vênus, o afeto, porque Libra é o outro (quando se olha e se vê o outro, e de alguma forma tenta-se entrar em alguma espécie de harmonia com ele), e principalmente porque Deus, se é que existe, anda distraído demais, resolvi chamar a atenção dele para algumas coisas. Não que isso possa acordá-lo de seu imenso sono divino, enfastiado de humanos, mas para exercitar o ritual e a fé - e para pedir, mesmo em vão, porque pedir não é só bom, mas às vezes é o que se pode fazer quando tudo vai mal.

Neste zero grau de Libra, queria pedir isso a que chamamos Deus um olho bom sobre o planeta Terra, e especialmente sobre a cidade de São Paulo. Um olho quente sobre o mendigo gelado que acabei de ver sob a marquise do cine Majestic; um olho generoso para a noiva radiosa mais acima. Eu queria hoje o olho bom de Deus derramado sobre as loiras oxigenadas, falsíssimas, o olho cúmplice de Deus sobre as jóias douradas, as cores vibrantes. O olho piedoso de Deus para esses casais que, aos fins de semana, comem pizza com fanta e guaranás pelos restaurantes, e mal se olham quando dizem coisas como "você acha que eu devia ter dado o telefone da Catarina à Eliete?" - e o outro grunhe em resposta.

Deus, põe teu olho amoroso sobre todos os que já tiveram um amor sem nojo nem medo, e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem. Derrama teu olho amável sobre as criancinhas demônias criadas em edifícios, brincando aos berros em playgrounds de cimento. Ilumina o cotidiano dos funcionários públicos ou daqueles que, como os funcionários públicos, cruzam-se em corredores sem ao menos se verem - nesses lugares onde um outro ser humano vai-se tornando aos poucos tão humano quanto uma mesa.

Passeia teu olhar fatigado pela cidade suja, Deus, e pousa devagar tua mão na cabeça daquele que, de noite, liga para o CVV. Olha bem pelo rapaz que, absolutamente só, dez vezes repete Moon Over Bourbon Street, na voz de Sting, e chora. Coloca um spot bem brilhante no caminho das garotas performáticas que para pagar o aluguel dão duro como garçonete pelos bares. Olha também pela multidão sob a marquise do Mappin, enquanto cai a chuva de granizo, pelo motorista de táxi que confessa não ter mais esperança alguma. Cuida do pintor que queria pintar, mas gasta seu talento pelas redações, pelas agências publicitárias, e joga tua luz no caminho dos escritores que precisam vender barato seu texto - olha por todos aqueles que queriam ser outra coisa qualquer que não a são, e viver outra vida que não a que vivem.

Não esquece do rapaz viajando de ônibus com seus teclados para fazer show na Capital, deita teu perdão sobre os grupos de terapia e suas elaborações de vida, sobre as moças desempregadas em seus pequenos apartamentos na Bela Vista, sobre os homossexuais tontos de amor não dado, sobre as prostitutas seminuas, sobre os travestis na República do Líbano, sobre os porteiros dos prédios comendo sua comida fria nas ruas dos Jardins. Sobre o descaramento, a sede e a humildade, sobre todos que de alguma forma não deram certo (porque, nesse esquema, é sujo dar-certo), sobre todos os que continuam tentando por razão nenhuma - sobre esses que sobrevivem a cada dia ao naufrágio de uma por uma das ilusões.

Sobre as antas poderosas, ávidas de matar o sonho alheio - não. Derrama sobre elas o seu olhar mais impiedoso, Deus, e afia tua espada. Que no zero grau de Libra, a balança pese exata na medida do aço frio da espada da justiça. Mas, para nós, que nos esforçamos tanto e sangramos todo o dia sem desistir, envia teu Sol mais luminoso, esse do zero grau de Libra. Sorri, abençoa nossa amorosa miséria atarantada.

segunda-feira, outubro 01, 2007

sábado, setembro 29, 2007

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this time around
this time around
this time around
you can be anyone
you can be anyone

Helen Stellar - I/O (This time around)

sexta-feira, setembro 28, 2007

Freak Folk no SESC

Joanna Newson, da patota de Devendra Banhart, Anthony e CocoRosie, faz show nesta quarta (03.10) no SESC Santana, parte de um projeto de vozes femininas. Por essa ninguém esperava, claro. E infelizmente não poderei ir dessa vez. Quem puder, vá.

segunda-feira, agosto 27, 2007

Entre Pinheiros e Vila Mariana


Acontecem nas próximas duas semanas estes dois shows imperdíveis. Ingressos comprados.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Mais suecos invadindo São Paulo

Se no primeiro semestre a gente pode se deliciar com as passagens de Jens Lekman, José Gonzales, El Perro del Mar, Heels on Wheels e Erlend Oye (Noruega), vem aí mais da Invasão Sueca, que acontece em setembro em São Paulo. Agora é a vez de Love is All, Suburban Kids with Biblical Names e Hello Safaride. Sou extremamente suspeito, mas considero as três opções imperdíveis, ainda mais considerando que um dos shows será no SESC e o preço, uma pechinca.

HELLO SAFERIDE
18/09 - SESC VILA MARIANA

LOVE IS ALL
20/09 - STUDIO SP

SBWBN
21/09 - STUDIO SP

segunda-feira, agosto 13, 2007

To a friend, with love

Shakespare once said, “the journey ends when lovers meet”. I believe it is true. Sometimes you think your journey is about to end when you meet that person who misteriously you know that is the person. All you wait for is just one word: “yes”. Yes, I am your person. Yes, I look into your eyes and feel comfortable. Yes, I want to share my problems and my happiness with you. And sometimes you never get the word. You wait. And wait a little longer. You get tired of waiting. And then comes the hardest time, the moment when you have to say “no” to yourself and move on. But deep in your heart you’re still waiting for that “yes” to finally end the journey.

My family tree

Care about the moonlight
and holding you tight
and asking my questions.
Everyone loves a situation.

Long walks on the beach.
The press will impeach.
Lately I'm finding
I am the book and you are the binding.

I guess they'll read everything about you.
Though the press might shoot me down I'm still true.
I sell my book for free. That's what you do to me.

Oh, you are my family tree.
Be good to me
Take care of me.

Song: Family Tree
Artist: Ben Kweller

* * *

Quem sou eu. Não sei. Estou longe de saber. Estou longe de entender minhas raízes, de conhece-las, experimentá-las de verdade. Não sei quem são meus pais, conheço pouco da história deles. Não sei quem foram meus avós, de onde vieram, para onde foram, quais foram os sonhos que os motivaram para que eu esteja onde estou hoje. Sei pouco de suas crenças, para poder entender todas as coisas que penso e porque penso do jeito que penso. Se me colocar diante de um espelho hoje, vários pedaços faltarão no meu reflexo. Como meus pais se encontraram? Como foi o primeiro encontro? Quais as expectativas de suas vidas quando jovens? Quantas lágrimas não devem ter sido caladas das quais não tenho a menor noção? Ontem, enquanto meu pai falava como ele era sortudo por ter a família toda reunida e enquanto eu passeava o garfo no meu prato, pensava em tudo isso. Em como, ao não saber nada sobre eles, não sei nada sobre mim. E dando mais valor a tudo que está por vir, aos lugares que anseio tanto em estar e ao futuro que quero desesperadamente conhecer, vou deixando meu passado sempre em branco. Nenhum registro, nenhuma história, nenhuma raíz. Qual vai ser o seu ponto de partida quando você tiver que contar a sua história?

quinta-feira, agosto 09, 2007

Lets be serious

“The best brains in the world are busy solving problems that don’t really need to be solved. They’re struggling to design a better watch or struggling to design some fancy product. Why don’t they work on designing better slums? Billions of people live in absolutely miserable conditions, and that needs to be fixed.”

Sam Pitroda, C-Sam Inc.

Mmmbop

quarta-feira, agosto 08, 2007

Trendy

Queria muito contar aqui o que estamos batalhando para por no evento que estamos produzindo, mas não posso. Só posso garantir que é a coisa mais legal do mundo.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Oz

A vida não nos dá chances ilimitadas para sermos felizes. Às vezes deixamos passar nossa chance. Muitas vezes não damos o devido valor, ou nem a percebemos. Ela pode estar ali do seu lado, e a decisão de aproveitá-la é sua. Tomar essa decisão pode mudar toda sua vida. E às vezes, tudo que precisamos é exatamente começar uma vida nova.

Nossa turma começou uma brincadeira dizendo que nossas vidas são tão cheias de reviravoltas que as histórias juntas dão um verdadeiro seriado – e posso falar que a temporada foi realmente movimentada.

Tanta coisa aconteceu esse ano que parece que já é 31 de dezembro. Tanta coisa que poderia ter mudado definitivamente minha vida. E é bom olhar para todas elas e enxergar o valor de cada uma. Algumas simplesmente me fazem olhar sem remorsos por tê-las deixado para trás, outras fazem da lembrança uma doce tristeza, como diria a Mikie.

É o final desta temporada. É o momento de fechar a conta. Deixar que assuntos inacabados sejam cobertos pela poeira; ser livre e libertar as pessoas que estão com você; entender finalmente que “timing” é um conceito muito vago para quem realmente deseja – creio muito mais na pausa do que no desencontro, e que platonismos perdem sua força com a idade.

Foi nesta temporada que conheci pessoas maravilhosas, desenvolvi amizades inimagináveis, com um grau de transparência e autenticidade invejáveis. Nesta temporada eu assisti gente indo e vindo, festas e causos que ninguém acreditaria, e conheci alguém que abalou as estruturas do homem de lata.

Mas uma nova temporada está começando, logo estarão chegando os novos personagens. Por enquanto, estou acertando todas as contas do final desta temporada, com quem devo e comigo mesmo. Alguém que deixei livre, uma proposta profissional tentadora que provavelmente declinarei por conta de outros objetivos, o casamento do meu sócio e melhor amigo, a chance de viver algo bacana, um nó no peito por alguém que está a léguas de distância e que estou acabando de desatar. E a chance de tomar decisões que vão mudar minha vida. Decisões. Mudanças.

Garçom, o troco é seu. Que venha a segunda temporada!

domingo, julho 29, 2007

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a sorte é que estou cansado para comentar...

Trilha sonora do Pan

alguém me diz quem é o dj do pan?
estou aqui assistindo a ginástica rítmica e enquanto os juízes deliberam, já passou Ivete Sangalo, Jorge Ben Jor e agora está rolando a pérola que é Balão Mágico. E todos os juízes de braços cruzados, com cara séria, não entendendo nada.

sexta-feira, julho 27, 2007

What else is there?

It was me on that road
But you couldn't see me
Too many lights out, but nowhere near here

It was me on that road
Still you couldn't see me
And then flashlights and explosions

Roads are getting nearer
We cover distance but not together
I am the storm and I am the wonder
And the flashlights, nigthmares
And sudden explosions

I don't know what more to ask for
I was given just one wish

It's about you and the sun
A morning run
The story of my maker
What I have and what I ache for

What else is there?

E o que Deus tem a ver com isso?

Depois de ouvir o queridíssimo presidente declarar que 'quando viaja, entrega a Deus', só resta assumir que o país está a Deus dará. O negócio é realmente entregar a Deus.

Madame Min na Noruega

Ontem ela foi embora. Nem consegui me despedir. Daqui a uns dias será uma nova cidadã de Oslo.
Não conseguir ir à sua festa de despedida nem marcar um último almoço. Mas assim também é bom, fica aquela sensação de que a gente vai se falar e se ver semana que vem. Quero logo ir sentar num fiorde e bater papo contigo, guria.
Mas enquanto isso, aproveita o verão e se agasalha muito muito no frio, tá bom? Ah, e vá em muitos shows do Royksöpp, fica bem amiga deles por mim.

quarta-feira, junho 27, 2007

Ah Matisse, eu também vai!


Sempre quis fazer parte do quadro "A Dança", do Matisse. As pessoas são tão alegres, despreocupadas e livres lá! Bom, agora já posso falar que eu também dancei a dança do Matisse!

As piores cenas do cinema


Visto anteriormente no blog Todas as histórias já foram contadas

sexta-feira, junho 22, 2007

Faz falta

Duas coisas me fazem muita falta: mais tempo e mais dinheiro. Eis a razão da minha agonia: acompanhar o calendário cultural dessa cidade e pagar seu preço. Não, não sei escolher. Não sei me abster. Não sei deixar passar e dar voz ao auto-controle. Blue Man Group, Slava's Snow Show, Magic Numbers, Rakes, Teatro Mágico, Cirque Du Soleil, Madeleine Peyroux, Mart'Nalia, Leonardo Da Vinci, Darwin, Corpo Humano, ópera no Municipal, concertos na Sala São Paulo, putz, queria tanto ver o pessoal do Bertazzo no SESC Vila Mariana, mais as dezenas de peças que preciso ver e os filmes que não param de acumular na minha lista. Mais o tempo de descobertas no myspace, lastFM. Ainda vem por aí AnimaMundi, Festival de Curtas, MotoMix, Tim Festival, Mostra de Cinema, Nokia Trends. Caos, caos.

quarta-feira, junho 20, 2007

Tim Festival

Bom, assim já é demais. The Killers, Juliette & The Licks e Artic Monkeys confirmados para o Tim Festival desse ano. Resta saber quem mais virá.

terça-feira, junho 19, 2007

A lucidez perigosa

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
Assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.
Pois sei que
- em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade -
essa clareza de realidade
é um risco.
Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.

Clarice Lispector

segunda-feira, junho 18, 2007

A revolução da mídia

Já pararam para pensar que estamos vivendo um dos períodos mais importantes e mais decisivos da história da humanidade? Um período que está mudando drasticamente toda a organização social que o homem vinha construindo desde então?

quinta-feira, junho 14, 2007

Quickdrop

#1
Estive no Rio semana passada, relaxando durante o feriado de Corpus Christi. Um dia ainda entendo minha relação com essa cidade - quando estou em São Paulo, não tenho a mínima vontade de ir para o Rio, me dá preguiça; quando estou no Rio não tenho a mínima vontade de voltar para São Paulo, me dá vontade de chorar. Nada de espetacular ou badalado durante esta viagem - só ótimos momentos compartilhados com os amigos, seja na beira da Lagoa, seja em um barzinho na Lapa, seja no show de despedida dos Los Hermanos. Nada menos, nada mais.

#2
Banda desconhecida e ótima da vez: Die Romantik. Trio de nova iorquinos que se conheceu em Paris fazendo indie folk de primeira, ou "crafted melodic rock", como eles mesmo se definem. Bom, paixão à primeira vista. Já é a mais tocada no rank do meu iTunes, certeza. O primeiro álbum deles foi lançado dia 5 de junho, e na página deles estão disponíveis duas faixas para download, incluindo a linda Narcissist's Waltz.

#3
Outra boa surpresa musical é a Juliette Lewis mandando ver com sua banda Juliette & The Licks. You speak my language, baby!

#4
Você já votou no Cristo Redentor para ser uma das novas sete maravilhas? Então vote. Mande um SMS para 49216 com a mensagem Cristo. Pronto, você votou. É gratuito.

#5
Helsinki, Oslo, Madrid, Sydney ou Quebéc? As votações estão abertas!

#6
Cansados da esculhambação geral da República? O negócio é relaxar e gozar, nénão?!

Irmão Sol, Irmão Lua


Vistas dos Dois Irmãos, Rio de Janeiro.

sexta-feira, maio 18, 2007

All together now


All together now II, originally uploaded by Andre Lima.

Encontro dos bipolares lá em casa ontem, estilo "mais uma festinha no 339". Mas ontem foi aniversário do Gil e a ocasião foi especial (e a multa merecida)!

quinta-feira, maio 17, 2007

Resfest 10

Começa amanhã e vai até domingo o Resfest v.10. Este ano o festival ocupa somente a Cinemateca e traz projetos interessantes que merecem ser vistos, como o filme de Matthew Barney, "Drawing Restraint 9", com atuação e trilha de Björk, ou a videografia do Radiohead, ou mesmo os panoramas de motiondesign, ou até a retrospectiva sobre o Goulard de Andrade, ou as apresentações de My Brightest Diamond e Miho Hatori. Os ingressos com acesso a todas as atrações saem por $60 (meia-entrada $30) e estão à venda nas lojas da Chilli Beans ou no Piola. Mais informações, aqui.

Aleluia!


Aleluia!, originally uploaded by Andre Lima.

Eu danço, eu canto, eu grito
Eu brinco
Eu bebo todas,
Fico alto até cair no chão
Sinto tudo de uma só vez
E ponho tudo para fora
Não gosto do controle do tempo
Nem das artimanhas das circunstâncias
Gosto de ser o que quiser
Nem que seja por um segundo

terça-feira, maio 15, 2007

Free Hugs Campaign

Tem dias que a gente só precisa de um abraço, nada mais.

segunda-feira, maio 14, 2007

Another saturday night

4:00. Madrugada no SoHo. Eu acabo de deitar, depois de perambular com os amigos drogados pelo bairro. O sábado se encerrou com a usual cerveja no Ibotirama, logo após assistir 'O Baixio das Bestas' no Unibanco. O filme nem merece comentários, pois é de uma violência tão gratuita que deveria ter sua bilheteria igualmente gratuita. Mas voltando à cerveja - lá estávamos novamente, os freaks, os surtados, na mesma esquina, assistindo ao desfile de tipos bizarros e acontecimentos surreais. Vimos a Elvira (a rainha das trevas) descer a Fernando de Albuquerque em seu modelito preto básico conhecido das sessões da tarde. Assistimos a uma batida policial no bar da frente mobilizando cerca de 20 policiais para fechar a boca de fumo que antes supunhamos ser uma simples sinuquinha. Vimos também um mendigo chegar à mesa e pedir três mandiocas fritas da nossa porção. Não era somente uma ou duas. O número era preciso - três - para manter a energia. Logo chegou um grupo de fotógrafos - também três - covers do Bee Gees. No meio disso tudo passa uma garota distribuindo informativos sobre ecstasy, logo depois de um evangélico ter distribuídos cheques de Cristo que poderemos sacar lá no céu. De repente um rapaz passa com camisas penduradas em cabides, enquanto quatro rapazes ouvem funk carioca no volume máximo dentro de seu Audio A4. Entramos pois o bar estava para fechar e precisávamos tomar nossa saidêra. Sentados junto ao balcão, ainda falávamos algumas merdas enquanto no rádio tocava Snow Patrol, aquela tal música que parece não cansar de me perseguir. E eu pensava, pensava, pensava. Por fim, acabei roubando uma maçã do boteco, de dentro da fruteira das vitaminas, enquanto os garçons não viam. Estava com fome. Será que eu seria preso? Comi a maçã, terminei minha cerveja, paguei e fomos andar pelo bairro. Novamente.

quinta-feira, maio 10, 2007

quarta-feira, maio 09, 2007

Cambalhotas


Crescer e ainda ser criança é bom demais!

sexta-feira, maio 04, 2007

Antonio

Antonio precisava somente de seu quarto, luz apagada, um vidro de barbitúricos, uma garrafa de whisky, ficar sozinho para chorar. Sentia que não tinha mais volta. A felicidade da época de criança não seria recuperada. Ele se enveredara por caminhos profundos, mais danosos que choque entre trens, e sentia que não voltaria mais à época em que nada sabia, à época em que seus sentimentos eram sobretudo ingênuos e crentes. Estava preso à escuridão de sua própria consciência, de sua própria solidão, e dali não conseguia dar passo algum. Teria que se acostumar com a vida neste novo ambiente, e dali extrair pequenas alegrias.

quarta-feira, maio 02, 2007

Crônica de uma alma em colapso

Na esquina algumas prostitutas, pessoas saindo do restaurante, luz amarela dos postes transformando o frio da rua em solidão sedutora. Ele vinha com as mãos nos bolsos, lágrimas nos olhos, passando de cabeça baixa pelas pessoas, tentando compreender o que era aquilo. Que dor era aquela, disforme e viscosa, que lhe tomara o peito, drenava o sangue, enfraquecia o músculo que bate e o deixava sem ar, como peixe fora d'água tentando respirar? Que espasmo era aquele que contraia todas as células e o colocava prostrado no chão com a alma em colapso?

Era a vontade de chorar pela morte anunciada de algo não nascido, a dor de perder o que não se teve. Pensamento longe, dedos sobre a mesa girando o cinzeiro, como se fosse sua cabeça, força centrípeta para que as emoções pudessem se aquietar e dizer seus nomes.

Coisa que se constrói do nada. 'Eu não te conheço! Então, qual o motivo? Não há'. São demônios do ar, um vírus para o qual não existe prevenção nem remédio, ele se multiplica rápido, infesta o corpo, percorre os nervos, a espinha, se aloja em cada canto, transformando desejo em dor.

Apetite voraz em busca de alimento.

Um rápido olhar, leve toque, outro olhar, profundo, furando a íris feito agulha em busca de outro sentido que processe toda sua intenção, muda e sem gestos. Uma música na rua em plena madrugada para os que passam e para ele que vai embora.

Erro do tempo, engenharia sem cálculos nem lógica deste lugar onde habitamos.

Mnemônico. Lá está ele no córtex cerebral, o mesmo sorriso congelado. Imagem persistindo na retina e em algum lugar entre os sentimentos, se escondendo entre as vísceras do outro sem querer partir.

Mas ele parte, não sabendo que no outro ele permanece sem hora para ir embora. Assim, sem explicação.

quinta-feira, abril 26, 2007

Oz


O caminho dos tijolinhos dourados fica bem mais doce de percorrer com estas pessoas aí em cima...

Meus próprios morangos

Já havia falado que tinha lido 'Morangos Mofados' e tinha simplesmente me apaixonado pelo livro e pelo escritor, aquele tipo de paixão que te deixa mal quando o livro acaba, quando você tem que se desconectar de seu objeto de apreço. Pois é, mas o livro não era meu, era emprestado do Lucas, um amigo lá do teatro. E ontem, uma surpresa maravilhosa. Ganhei, dele mesmo, uma cópia só minha desse livro, uma edição antiga do extinto Círculo do Livro que ele encontrou em um sebo. Maravilhosa porque, primeiramente, quem me conhece sabe que adoro ganhar livros. Depois, porque o livro não podia ser melhor. E por fim, porque o Lucas é um dos grandes amigos que fiz no teatro, essa fase muito boa da minha vida, e é bom ser lembrado por novos grandes amigos.

Ontem, depois de chegar do Bourbon Street, quase 3h da manhã, comecei a reler um dos meus contos preferidos, que de certa forma, fala muito comigo. Fala sobre encontros, sobre um tipo de amor e paixão que supera o físico, o corpo. O conto é grande, mas vou colocar o primeiro parágrafo aqui.

* * *

AQUELES DOIS
(História de aparente mediocridade e repressão)

I
A verdade é que não havia mais ninguém em volta. Meses depois, não no começo, um deles diria que a repartição era como um "deserto de almas". O outro concordou sorrindo, orgulhoso, sabendo-se excluído. E longamente, entre cervejas, trocaram então ácidos comentários sobre as mulheres mal-amadas e vorazes, os papos de futebol, amigo secreto, lista de presente, bookmaker, bicho, endereço de cartomante, clipes no relógio de ponto, vezenquando salgadinhos no fim do expediente, champanha nacional em copo de plástico. Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra - talvez por isso, quem sabe? Mas nenhum se perguntou.

Não chegaram a usar palavras como "especial", "diferente" ou qualquer coisa assim. Apesar de, sem efusões, terem se reconhecido no primeiro segundo do primeiro minuto. (...)


Caio Fernando Abreu

quarta-feira, abril 25, 2007

Wishlist

Para este aniversário:

#1
Uma canga, um gramado, um sol sereno colado em um céu bem azul, uma brisa, um ipod, Sigúr Ros e um sorriso.

#2
Um colo, um cafuné, um olhar cúmplice e a certeza de ser bem quisto.

#3
Minha mãe, meus amigos, um abraço apertado e bolinho de chuva.

...

E pra mim, isso já é o bastante.

...

Sês, serás e porquês

Dizem que a vida muda a cada sete anos. Aos 7 anos você está entrando na primeira série, aos 14 está entrando no colegial, aos 21, provavelmente, estará deixando a faculdade e começando sua vida profissional. E aos 28? Qual seria a nova fase? Estar casado, ter filhos, ir morar em outro lugar?

Vinha me fazendo essa pergunta desde o começo do ano. E agora? Bom, a verdade é que agora você começa a ver a vida sob uma ótica completamente diferente. Começa a fazer conexões com outros valores, tua dimensão de tempo e espaço são modificadas, tudo isso para ir te transformando em uma pessoa mais plena. Acho que esse é o objetivo de todos nós na vida. As fichas vão caindo, caindo, umas horas, elas desabam, uma verdadeira chuva de moedas, e você pensa: "putz, como demorei para sacar isso!".

Sim, posso colocar a mochila nas costas e sair pelo mundo, mas não preciso fugir mais de nada. Agora, aos 28, já posso encarar os problemas. Sim, posso encontrar aquela pessoa por quem esperei a vida inteira e, agora aos 28, estar pronto para me relacionar como se merece, com amor e respeito, sem medo. Sim, posso mudar de cidade, estado ou país, mas, agora, posso pensar realmente no que quero, sem me deixar levar por nenhuma febre de momento. Sim, sim, sim, agora, aos 28, sim, pode-se ser - ao contrário do que pensam os amigos - consciente de si mesmo. Consciente da imperfeição, dos defeitos, dos valores, do potencial e do que precisa ser feito.

Algumas coisas deixam de ter graça, outras despertam mais interesse. Só isso. Os momentos de negação se tornam nítidos e você deixa de se enganar. E ainda bem que esse ciclo de 7 anos está na alma, você pode vivê-lo antes dos 28, 27, 26...

Mas um aviso aos tripulantes: não significa que o busão desgovernado ainda não esteja por aí, na ativa, em busca de novas experiências. Ele só está sintonizando uma nova estação de rádio, ou ouvindo a voz de Deus, sei lá.

sexta-feira, abril 13, 2007

Inferno astral

They tried to make me go to rehab
I said no, no, no.
Yes I been black, but when I come back
You wont know, know, know.

I ain’t got the time
And if my daddy thinks im fine
He’s tried to make me go to rehab
I wont go, go, go.

Amy Winehouse - Rehab

* * *

O tiro saiu pela culatra e a pólvora estourou na minha cara. Mais uma vez, é hora de tirar o band-aid e deixar as feridas tomarem um pouco de ar para eu ver se saram. Mais uma vez, hora de abrir mão. Muita coisa estranha anda acontecendo, acho que é por conta do inferno astral que deve estar tentanto se aproximar. Ou porque hoje é sexta-feira 13. Superstições. Não sei se as tenho. Mas como sei que vivo me negando o tempo todo, posso até estar cheio delas e simplesmente não aceitá-las. Terminei de ler 'Morangos Morafos' com uma dor no peito, porque o Caio é daqueles escritores que você sente saudades quando acaba o livro. Foi ontem no hospital que eu li os últimos dois contos, enquanto aguardava a cirurgia da minha mãe, entre conversas com as senhoras que compartilhavam comigo a sala de espera, cada uma me contando seus problemas.

A semana começou com esperança. Um arco-íris, daqueles que você não vê nunca, forte, encorpado, com começo, meio e fim, cruzava a Fernão Dias ali em Guarulhos, no final da tarde de domingo, depois da chuva que vinha encerrar a semana santa. Era um portal, tinha a nítida impressão de que passaria por baixo dele e entraria em uma nova realidade, o mundo de Oz, o que o valha. Vontade de arrumar tudo o que está errado.

E a semana está acabando meio angustiante, cheia daquela vontade indomável que às vezes surge de colocar uns livros na sacola, um par de roupas, e sair por aí, na tentativa de viver melhor ou pelo menos descobrir coisas novas. Às vezes acho que sou louco, às vezes tenho certeza. Às vezes ainda acho que tenho jeito, outras eu desencano. E sinto que a vida vai ser sempre essa voltagem alternando entre 110 e 220V, nem uma coisa nem outra. O maior problema, eu chego à conclusão, é a tal da negação.

segunda-feira, abril 09, 2007

Páscoa

Eu estava mesmo precisando ir para uma clínica de reabilitação e, portanto, aproveitando o ensejo do feriado, me mandei para o sítio dos meus pais para fazer três coisas que não tenho feito: ficar sem beber, comer bem e dormir; além, é claro, de passar tempo com minha família. Comi tanto que passei mal. Dormi em todos os lugares possíveis - embaixo de árvore, na rede da varanda, no balanço das crianças, no sofá assistindo filme, na minha cama. Dormi tanto que voltei cansado. Bom, ficar sem beber... só umas doses sábado à noite em Bragança, no Officina. Mas a tranqüilidade não foi tão tranqüila assim, entre tios, tias, primos e primas, tinham 20 pessoas na minha casa, falando alto, crianças gritando, aquela coisa. Mas, sinceramente, eu não ligo, o bom mesmo é estar junto, dar algumas risadas, até mesmo quando o excesso de convivência familiar gera algumas brigas desnecessárias. E foi assim. Minha Páscoa foi regada à sono, leitura, comida de mãe e minha cabeça bolando planos malévolos que, me conhecendo como eu conheço, não darão em nada.

PS: andar à cavalo é bom, mas que dói, dói. principalmente no dia seguinte.

terça-feira, abril 03, 2007

My week is your year, babe

Encontrei esta frase no profile do DJ Fabilipo no MySpace e achei que seria um bom título para este post dada a intensidade dos acontecimentos a partir da segunda quinzena de março, marcada principalmente pela invasão gringa no 339. No sábado, dia 14 chegou o Jussi. Pausa para explicações:

* * *

O Jussi é amigo do Tuomas, um amigo meu da Finlândia. Ele estava morando no Brasil desde o final de outubro, com a namorada (que ele conheceu lá na Finlândia ano passado), na Vila Madalena. O Tuomas havia me falado dele, para eu dar um help e tal porque ele não conhecia ninguém, mas acabei postergando o encontro por conta das correrias com a exposição e etc. A gente se falava por msn às vezes e só. Acabamos nos encontrando para uma das tradicionais caminhadas pelo centro da cidade, durante o carnaval. A namorada dele tinha viajado e ele estava sozinho na cidade. Eu, passando o carnaval aqui. A caminhada rendeu uma bebedeira no bar do Léo e assim começou toda a história – mais e mais encontros para cinema, choppitos, etc, e quando percebi o Jussi já estava fazendo parte da turma. Aí, aconteceram alguns infortúnios no namoro dele, e foi então que ele se mudou lá para casa, para curtir o último mês no Brasil.

* * *

Depois, no domingo, chegou o Ricardo, um amigo de uma amiga vindo diretamente do Equador. Ele estava gravando um CD aqui em São Paulo e precisava de um lugar para ficar. Mais um no albergue do 339, que já contava com a Mari, que veio do sul diretamente para a terra da garoa. E assim, começavam dias insanos. Nesses quinze dias transitamos entre diversos universos, dos bares da Augusta a sessões de Grey’s Anatomy com pipoca e sorvete na sala; de duas noites consecutivas de Bourbon Street passando mal (e causando) com NU Begginings a noitada de domingo na Loca se estendendo até segunda de manhã; de repeteco da noitada da Loca na quinta se estendendo até sexta de manhã para na mesma sexta se acabar na d-edge até o sábado de manhã; de esquentar cadeira no Exquisito a tomar banho de chuva no viaduto do chá, domingo à noite, just singing in the rain; tirando as festas usuais no apartamento, festas usuais nos apartamentos dos amigos, as conversas madrugada adentro, um jantar tailandês servido às duas da manhã e encerrado às cinco. E não só de eventos sociais vive o garoto aqui – nesse meio tempo também tinha que estudar, ensaiar, ir ao cinema, ir ao teatro, tentar trabalhar, ser assaltado, sair de carro novo. Só o que eu não consegui, realmente, foi escrever neste blog. Mas a intenção de tudo isso não é ficar aqui me gabando de tudo o que eu faço. Não, não. A intenção é saber quando parar – faço 28 anos daqui um mês, tenho quarenta e tantos cabelos brancos, sinais de rugas, olheiras e cansaço. Fazer 28 anos é tão... tão final de festa, que agora fico aqui me perguntando como manter esse ritmo frenético de uma forma ordenada? E se existe como fazer isso, quando existem tantas outras coisas na minha cabeça querendo acontecer e não acham tempo para tal.

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Mas a questão, na real, é que não existe motivo para parar. Parar para quê? Duzentos quilômetros por hora na direção errada. Vamos lá ver onde tudo isso vai dar. It's my life!

Soho Paulistano

Como o próprio Jussi descreveu, esta é a storyline do livro que iremos escrever, "Minha vida no SOHO", completamente baseado em fatos mais do que reais.

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The Finnish guy appears with his heart broken, has his way with two girls simultaneously, people fucking in the dark room of Aloca, girl kissing a girl, angels, people getting married, guys wanting to hug other guys just to be told to fuck off, 3-some with the ex who wants to get married, a stranger from Ecuador and a fat spanish cheater wanting to have his way with a Japanese girl... obviously the plot would also include a student trying to break his everyday smoking marijuana habit in order to study better.

Esse sim é o segredo!



Não importa onde você estiver, este é o segredo: fazer amigos e influenciar pessoas. Principalmente quando esses desconhecidos tornam-se logo seus novos amigos de infância! Coisa que essa guria aí em cima foi praticar lá nas terras dos cangurus, longe de mim. Eita saudades!

Saindo da geladeira



Bem... a vida íntima dos Suricatos selvagens do norte sempre foi um mistério.

Hoje, descobriremos seus segredos na arte do acasalamento. É muito comum antes do coito encontrar a fêmea fazendo charme exalando seu perfume animal. É nessa hora que ela começa a famosa dança do acasalamento. O macho, que habita o outro lado da floresta, tem o olfato mais aguçado do reino animal e sente que a hora chegou. Um pouco nervoso e já próximo da fêmea ele observa... e observa. Toma coragem e se aproxima... A aproximação é difícil, mas necessária. E é nessa hora que o casal começa sua tentativa de fertilização natural. Que é cansativa... Frustrante...

Pois todos nós sabemos que os suricatos selvagens são conhecidos por sua natural ingenuidade. Aiii... é por essas e outras que esses animaizinhos continuam em extinção.

Signos e ascendentes

Seu maior medo era o destemor que sentia. Íntegro, sem mágoas nem carências ou expectativas. Inteiro, sem memórias nem fantasias. Mesmo o não-medo sequer sentia, pois não-dar-certo era o natural das coisas serem, imodificáveis, irredutíveis a qualquer tipo de esforço. Fosse íntimo das águas ou dos ares, teria quem sabe parâmetros para compreender esse quieto deslizar de peixe, ave. Criatura da terra, seu temor era quem sabe perder o apoio dos pés. E criatura do fogo, A Grande Falta crepitava em chamas dentro dele.

Trecho extraído de Transformações (uma fábula)
conto de Caio Fernando Abreu

* * *

e eis eu, criatura da terra (touro) e do fogo (leão).

segunda-feira, março 12, 2007

The Knife

Meu fim-de-semana chama-se beija-flor. Aparece na sua janela, mas voa tão rápido que quando você vira para olhar, já foi embora. Sexta-feira apática que pedia para não ficar em casa, e assim, depois de reunir amigos em casa e esperar a Stela chegar do Rio, os dois mosqueteiros rumaram à d-edge depois de ingerir um pouco de suquinho gummy. Som perfeito, mas passei a noite brigando com minha consciência/ego/auto-controle, não conseguindo relaxar nenhum instante, analisando todas as coisas e criando um verdadeiro manual de instruções para o uso da expressão "carpe diem". E assim, sob o peso do meu fracasso em deixar a vida me levar, voltei para casa e fui dormir, depois de analisar um jeito de parar de analisar, ao som de The Knife, minha atual banda antiga preferida. Mais uma vez posterguei meu discurso de levantar cedo no sábado de manhã e resolver todas as coisas urgentes e pendentes do fantástico mundo de bobby. Ao invés disso, fomos para um churrasquinho na casa da Melissa, "agradabilíssimo", onde terminei tomando 1 litro de caipirinha, mantendo o ciclo labirintite de ser. Um filminho nada a ver, "Um beijo a mais", para terminar a noite e assim, encontrar o Michel e o Jussi. O Jussi se mudou lá para casa este fim-de-semana, onde vai ficar até sua partida para a Finlândia. Conversamos até altas horas da madrugada. Domingo, acordar, ir até a concessionária e resolver o problema da falta de transporte de uma vez por todas, depois almoçar e novamente ir ao cinema, dessa vez para assistir "Letra e Música", comédia romântica bobinha, perfeita para um domingo bobinho. Depois do filme, ir para casa encontrar o Ricardo, um equatoriano que também está ficando lá em casa enquanto resolve suas coisas aqui em São Paulo. Depois, rumar para o bar, tomar o último chopp do fim-de-semana - os gringos, a carioca, a gaúcha e eu -, voltar para a filial das Nações Unidas na rua Bela Cintra e acabar a noite assistindo "Na cama com Madonna" e não entender nadinha porque esse filme chocou tanto as pessoas quando foi lançado. Now everybody's living in a material world...

The finnish guys

sexta-feira, março 09, 2007

Lições de vida do BBB

Ontem fui visitar minha mãe e, no metrô, fiquei observando o que as outras pessoas liam. Tinha essa moça, com uniforme do trabalho, lendo em uma revista a la Contigo, Ti-ti-ti, qualquer coisa parecida, uma matéria intitulada "As lições de vida do BBB". No meio de todo o blá blá copiado dos livros de auto-ajuda e que tentavam fazer uma ponte entre o "reality world" e o "reality show", estavam tópicos como lealdade, perseverança, honestidade, blá blá blá. E a moça parecia tão séria lendo tudo aquilo, como se realmente fizessem sentido, como se a vida dela tivesse sido iluminada. Fiquei pensando, "meu deus, o que acontece com o mundo?". Na verdade, o que acontece com um jornalista para ele ter a tamanha capacidade de escrever isso sem ficar falando para si mesmo, "caraca, estudei quatro anos para isso!" - ou realmente precisa da grana, ou... prefiro pensar que só precisa da grana.

...

"(...) como ia dizendo, não se esquive do fato de haver uma história em suspenso aqui, não digamos assim, pois uma história jamais fica suspensa: ela se consuma no que se interrompe, ela é cheia de pontos finais internos, o que a gente imagina que poderia ser talvez uma continuação às vezes não passa de um novo capítulo, eventualmente conservando as mesmas personagens do anterior, mas seguindo uma ordem cujas regras nos são ilusoriamente às vezes familiares? ou inteiramente aleatórias? Isso eu não sei, mas a verdade é que chega-se sempre longe demais quando não se quer Ir Direto Aos Fatos, (...)"

Trecho de "Os Companheiros (Uma história embaçada)",
conto de Caio Fernando Abreu

quinta-feira, março 08, 2007

As mulheres e seu dia...

Acho que sempre tive mais amigas do que amigos. Elas são meu refúgio quando me canso de ouvir falar de motores, bola e... motores. Tenho ótimos amigos também, que são meu refúgio quando preciso falar assuntos de meninos. Mas... as mulheres tem sua graça particular. A primeira mulher que a gente nunca esquece, claro, a mãe, encabeça minha lista. Com outra dividi toda minha infância, brigas e descobertas, minha irmã. Depois, minha primeira melhor amiga veio lá no tempo da faculdade, cheia de singularidades de uma terrinha distante, o Piauí. E assim conheci Melissa. Outras completaram o grupo - Simone, Walkíria, Eliane, Carol. Depois, as mulheres do trabalho - Sônia, Carmen, Larissa, Tuca. Com cada uma delas aprendi tanto sobre algo particular. Primeiro dia de pós-graduação e duas mulheres maravilhosas eu posso então conhecer - Andressa e Renatinha. E depois a vida me deu outras melhores amigas, Stela e Kátia, além de trazer outras tão especiais e queridas - Rapha, Rifi, Fé, Mari, Paola, Mikiê. Tem ainda as meninas do teatro, as meninas de BH, as meninas-gringas, enfim, mulheres. E você pode aprender muito com elas, sobre tudo. Primeiro você se dá conta de como elas são extremamente capazes, de como possuem força de vontade muito superior a dos homens em levar as coisas adiante, de realizar e concluir algo. Você pode se impressionar em como elas conseguem fazer milhares de coisas ao mesmo tempo, em como estão atentas a todos os detalhes. De como são fortes e ao mesmo tempo frágeis. De como também tem vontades, fraquezas e inseguranças. De como precisam ser ouvidas, precisam de carinho e amizade. Você pode aprender que pode contar de verdade com uma mulher, para o que der e vier, inclusive para o choppinho no fim da tarde. Você vai entender o que é TPM. Você nunca vai querer ser o único homem em um grupo de sete mulheres, vendo-as tagarelar sem parar, mas se isso acontecer, você vai saber o que as faz rir, o que elas gostam (não, não é só de sapatos que elas gostam) e tudo o que circunda o universo feminino. Parabéns mulheres, essas mulheres do meu pequeno mundo, pelo seu dia. Vocês fazem eu me sentir o pequeno príncipe - cada dia, uma nova descoberta.

Indignado

Estava voltando do teatro hoje e flagrei duas mães com 4 crianças entre 5 e 10 anos, na rua Augusta, mandando uma das crianças ir até o restaurante da esquina e conseguir que alguém pagasse uma coca-cola, e outra criança ir até a pizzaria e pedir um guaraná. As crianças respondiam que não, que tinham vergonha, e as mulheres obrigavam, "vai lá logo, fala que tá com fome, eles dão". E assim dois lados de toda uma geração são educados: o lado daqueles que crescem acreditando que não é preciso esforço para conseguir algo, e sim, que os outros têm obrigação de lhe dar as coisas; e aquele lado que cresce acreditando que o resto do povo é malandro e mal-intencionado, e que não merece ter nada. Tá difícil viu, bem difícil para esse país mudar.

quarta-feira, março 07, 2007

Criticamente crítico

Hoje o Lucas me retratou sobre minhas críticas infundadas sobre o teatro, que eu não poderia generalizar toda uma produção teatral a partir da análise de apenas três peças, feitas em São Paulo e em condições muito similares. Pior que eu concordo com ele, apesar de minhas impressões sobre cada uma delas serem as mesmas. Mas eu concordo, Piruca, e venho aqui me redimir. Mas olha, falar que o texto de Hotel Lancaster é bom, é forçar a barra - a mulher se suicidar e isso ser noticiado assim, sem mais nem menos, e o fato não provocar no público nada além de uma reação "sim, mas e daí?", é um dos sinais de que o texto é irrelevante. E outra coisa, falta trabalho, muito trabalho, e mais força de vontade para não fazer as coisas de qualquer jeito, do jeito que dá. Só assim para melhorar.

terça-feira, março 06, 2007

E por falar em interpretação...


fui assistir, no último domingo, à Notas sobre um escandâlo, do diretor Richard Eyre (A Bela do Palco), com Cate Blanchet e Judi Dench. O filme aborda a relação de amizade/obsessão entre Bárbara, uma professora veterana solitária e frustrada, e Shab, uma novata que começa a dar aula na mesma escola que Bárbara. E não vou falar mais do que isso para não perder a graça. O roteiro, uma adaptação do livro homônimo de Zoe Heller, é assinado por Patrick Marber (Closer) e faz verdadeiro carpaccio da natureza humana, fatia por fatia, tal lâmina afiada que o é. E as atrizes, famintas, se lambuzam. A atuação é um verdadeiro duelo de talentos e um trabalho de ator que beira à mediunidade. Passei o filme de boca aberta, e a sensação de perplexidade ainda continua. Como elas conseguem? ... aos diabos com a rainha...

A sensação de ter asas

A arte do espetáculo sob três pontos de vista

Recentemente fui assistir a três peças em cartaz em São Paulo, com temáticas e abordagens completamente diferentes, e analisá-las me deixa com uma sensação de estranhamento em relação ao teatro brasileiro, pois não consigo posicioná-lo e dimensioná-lo como arte. Não mais. Lembrando meu estudos de estética na universidade, grosseiramente falando, a arte opera justamente quando consegue tirar o espectador do plano da realidade e fazer com que este consiga transcendê-lo, pondo em xeque (ou confirmando) seus valores, crenças, sentimentos e emoções - ou apenas trazendo o indíviduo à esfera do belo e do aprazível. Pois bem, depois de me lembrar disto, só me resta a sensação de que a produção teatral em nosso país, com meu parco conhecimento do assunto, é confusa, beirando o meta-público (se um dia vier a existir esse termo) - um teatro feito críticos, e não mais para o espectador comum. Comecemos pelo estado das salas - é cool sentar no chão, amontados em lugares pequenos e abafados, ser alternativos. Tudo bem que a arte não conhece o luxo, e acontece em qualquer lugar, mas quando isso vira requisito básico, é preocupante. As salas mais bem preparadas só trazem vaudeville. E nas demais, você se revira na cadeira dura e mal ajambrada por três horas consecutivas (citando as instalações da unidade provisória do SESC Paulista, durante a apresentação do ótimo "Círculo de Giz Caucasiano"). Mas enfim, vamos às peças.



HOTEL LANCASTER
Provavelmente ganhou as quatro estrelinhas no guia da Folha pela excelente atuação de alguns dos atores, que nos deixam a pergunta se realmente estavam drogados em cena para conseguir atingir tal resultado. Mas a dramaturgia é pobre. Quem já não viu tal história? Um bando de desajustados em busca de nada - nem de redenção. A peça acaba assim também, no nada. E o pior foi que no dia em que assisti eu gostei, e gostei bastante. Mas depois, analisando friamente, nosso mundo contemporâneo precisa de mais. O texto não consegue nem ser o retrato do vazio, quanto mais conseguir transpô-lo.



ALDEOTAS
No dia não gostei muito, achei um trabalho menor de teatro. Mas não, e como estava errado. Precisava assistir, e re-assistir, e assistir de novo. Um texto delicioso, que sem recursos cênicos nenhum, te transporta para sua infância, para a fazenda no interior, para o gosto de terra, para as brincadeiras, para seu melhor amigo. Você tem quase duas horas de um prazer inenarrável, onde Gero e Marat te tornam cúmplice das histórias de seus personagens. Um texto sem pretensões, mas que te tocam, tocam lá no fundo. Ainda faltam o cenário, uma iluminação eficiente, o figurino, a música - essa falta só nos faz lembrar que um bom texto não precisa de nada disto - no momento em que vivemos, época de total descrença, o que vale é a palavra e a verdade que ela carrega, nada mais. Mas como diz o próprio texto de Gero Camilo, "é preciso um certo tempo para se fazer uma boa crítica".



KEROUAC
Eis a prova da total alienação teatral em que vivemos. Um ator vociferando palavras, cuspindo na platéia, suando, pulando, batendo uma máquina de escrever da forma mais esdrúxula possível e uma série de clichês que tentavam tornar o texto mais didático para uma geração que não viveu a década de 60, só podia resultar em 50 minutos de profundo distanciamento do objeto em estudo, o próprio Kerouac. Nenhuma nuance, nenhum sentimento, nada daquilo que está registrado em seus diários ou em suas entrevistas. Só achômetro colocado da pior forma possível: a superficial e sem embasamento para uma platéia que desconhece o assunto e toma por incrível o trabalho de um ator em puro frenesi. Repetindo uma frase do Wilde que é repetida constantemente na peça, "o caminho do excesso leva à sabedoria". Nesse caso, não posso concordar. O excesso, às vezes, é só excesso. E de fuder foi fechar com "Like a rolling stone", de Bob Dylan. Quer mais clichê que isso?

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Que Deus devolva a voz aos artistas. Ou que continuemos a recorrer a Nelson, Plínio, Caio, Clarice, todos vocês que tinham algo para falar e ser compreendido.

Rio de Janeiro

Depois de um carnaval mais do que tranquilo, restava alguma esperança de poder curtir o samba no pé e ter resposta àquela pergunta, "onde você foi no carnaval?". Muito mais do que isso, a razão que me levava ao Rio não era tão boa assim: a mudança de uma amiga que adora aquela cidade e que, por força do destino (mais forte que o Katrina), foi trabalhar em terras cariocas. Esse post poderia ser sobre as maravilhas do Rio... sobre a sensação de estar na Lapa e fazer parte daquela malandragem gostosa e sem tamanho que é marca registrada do carioca; ou a sensação de estar em Ipanema e aplaudir a ida do sol, que cedia gentilmente espaço para a noite; ou ainda os botecos intermináveis que preenchem as ruas arborizadas, a simpatia local cheia de uma malandragem facilmente burlada e enganada pelos paulistanos sem alma e coração. Ou ainda sobre o desfile do Monobloco que reuniu 70 mil pessoas em Copacabana e, mesmo sob todos meus protestos de ficar correndo atrás de um trio elétrico com pessoas empurrando e um sol de 40 graus queimando meu cucuruto, não ter como ficar insensível ao ver todas essas pessoas pulando e cantando "Fio maravilha, nós gostamos de você" em uníssono. Podia falar ainda da sensação indescritível de pular de asa-delta pela primeira vez, da Pedra da Gávea à São Conrado em 15 minutos de puro êxtase com aquela vista espetacular, com o Cristo nos acenando um tremendo "tomem cuidado". E como esquecer os momentos inesquecíves da nossa volta para São Paulo - Mikie, Michel, Jussi, Tuomas e eu - curtindo toda a trasheira 80's nacional e internacional, vendo os finlandeses dançar Kaoma com a maior empolgação e classificarem esta como a melhor música brasileira de todos os tempos. Cada vez que chego no Rio me esqueço porque desgosto tanto daquela cidade - toda a imagem "jornal nacional" que tenho dela se apaga tão logo eu entre em uma ruazinha de Botafogo ou Copacabana, aquelas pequenas veias que nos remetem tão diretamente ao espírito brasileiro. E você esquece que está em uma das cidades mais violentas do país, porque é esse o espírito do Rio. Ele te transcende. Mas não, não é sobre isso que eu queria falar. Queria falar sobre amizade. É, amizade.

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O Homem-de-lata estava lembrando como Doroty entrou na sua vida e todas as coisas pelas quais passaram e que os tornaram tão amigos. Ela agora está lá no Rio, curtindo tudo aquilo que ela sempre esperou, e ele está tremendamente feliz por ela. Ele está aqui em Sampa, curtindo as mesmas coisas que sempre fez e recebendo ventos de mudança. E isso é bom também. As mudanças acontecem para quem vai e para quem fica, como latia totó. Doroty é daquelas meninas que levantavam cedo para ir acompanhar o homem-de-lata na 25 de março comprar coisas para sua casa nova. Doroty fez o Homem-de-lata se apaixonar por Grey's Anatomy e acompanhá-la a incontáveis shows do Monobloco. Juntos eles viram barcos baterem, bêbados gritarem "tocando em frente" para o Renato Teixeira, outros amigos partirem para longe, pegando outro trecho da estrada dos tijolos dourados. Juntos eles encararam 5 sessões de cinema em um único dia, nas maratonas das mostras de cinema. Por causa dela, o Homem-de-Lata conheceu pessoas fantásticas, em vários cantos do país. Os dois já piraram muito com devaneios profissionais nos bares da Augusta. Fora todas as peças mico que ele a levou para assistir. A passeata em que ninguém compareceu, só os dois perdidos na praça da Sé. E é tanta coisa que fica difícil narrar. E tudo o que o Homem-de-Lata pode dizer à Doroty é: "continue percorrendo o caminho dos tijolos dourados. Eles vão te levar para casa", pois sei que "casa" é aquele lugar onde queremos tanto estar.

segunda-feira, março 05, 2007

Naked in NY

Estava fazendo uma limpeza na minha mesa, tentando tirar 6 meses de acúmulo de papéis na minha área de trabalho, e achei um bloquinho de anotações que carregava comigo na rua. Ele continha umas anotações que fiz quando estava em NY, em maio do ano passado.

* * *

14/5 - NOVA IORQUE - Nessa cidade você se sente no topo do mundo. Pode se vestir bem e não gastar muito. Tudo acontece. É como se sentir o último dos contemporâneos, com acesso a tudo e no pico das tendências. O homem universal, propriamente dito. Um lugar onde certamente eu viveria - tranquilo e agitado, funcional e caótico, tudo que uma cidade moderna poderia ter. A minha incapacidade de me comunicar instantaneamente fica mais evidente a cada dia que passa. Isso é preocupante. As meninas da mesa ao lado ficaram o jantar inteiro me olhando e não sei se era de estranhamento ou vontade de me conhecer. Sem amigos de infância desta vez. E, onde vou carrego as pessoas que amo comigo. Isso é tão difícil de enxergar até você ficar sozinho em uma cidade onde ninguém te conhece e qualquer tentativa de aproximação é um esforço enorme de achar palavras e significados em uma outra língua. Agora, estou aqui no B.B. King Bar na 42th street (depois de ter ido na igreja batista do Harlem), hoje é dia das mães e vim assistir um show do Harlem Gospel Choir. Estou sentado com um casal de americanos na boca do palco e pensando que minha mãe e minha irmã iriam adorar estar aqui. E, assim, em todos os lugares que vou, lembro de cada pessoa, do seu jeito, das coisas que eles gostam. Daqui a pouco minha aventura por NY acaba e vou desbravar os mares do sul, rumo à Miami Beach, mas essa estada aqui foi grandiosa e útil para colocar as engrenagens do meu mundo de volta em movimento. Ainda vou precisar de alguns dias processando tudo o que aconteceu.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Fevereiro

Fevereiro foi uma semente de dente-de-leão soprada ao vento. Quando me dei conta, o mês tinha voado. Parece que os dias têm sido reduzidos à 18, 12 horas apenas, tamanha é a quantidade de coisas que tenho para fazer. Quero (e preciso) de dias mais longos. Ou um pouco mais de planejamento e disciplina já ia ajudar. Inauguramos a exposição no dia 14, ou pelo menos tentamos. Agora, mesmo estando concluída, ela ainda nos persegue com alguns ajustes que teimam em aparecer. Depois de ter todas as horas deste mês devotados a este trabalho, não dava para esperar um carnaval agitado. Fiquei em São Paulo mesmo, passeando com um amigo das gringas e resumindo a bebedeira e folia a 5 chopps no bar do Léo sábado à tarde. Domingo no sofá assistindo a tempestade alagar a rua, e segunda rumar para o sítio para dar cabo à canseira. O carnaval foi bom também para fazer uma maratona cultural, ir ao cinema, teatro, conversar com os amigos. E agora que o ano realmente começa, ainda preciso fazer o tal do meu planejamento que está ali, esperando sua vez de chegar desde o reveillon. Mudei também o visual do blog, que já estava me cansando, mas ainda não cheguei a um resultado satisfatório. De resto, mais do mesmo. Hoje rumo ao Rio de Janeiro, por um ponto no final no período de festas/férias que nos assola até o começo de março. E a partir de segunda, expectativas para um novo ano que começa.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Morte ao ego

"Devemos preservar os espaços da criação, os espaços do luxo e do pensamento, os espaços do superficial, os espaços da invenção do que ainda não existe, os espaços da interrogação de ontem, os espaços do questionamento. Eles são nossa bela propriedade, nossas casas, de todos e de cada um. As impressionantes construções da certeza definitiva, não nos faltam, paremos de construí-las. A comemoração também pode ser viva, a lembrança também pode ser feliz ou terrível. Temos o dever de fazer barulho. Nós devemos conservar no centro de nosso mundo o espaço de nossas dúvidas, o espaço de nossa fragilidade, de nossas dificuldades em dizer e em ouvir. Devemos ficar hesitantes, e resistir assim na indecisão aos discursos violentos ou amáveis dos indiscutíveis profissionais de lógicas econômicas, os conselheiros-pagantes, utilitários imediatos, os hábeis e os espertos, nossos consensuais senhores..."

Fragmento extraído do livro Du luxe et de l'impuissance (Do luxo e da impotência) de Jean-Luc Lagarce.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Rush


ia guardar para fazer meu cartão de páscoa, mas as coisas andam tão no "rush" pra todo mundo, que resolvi postar para descontrair. parece que está todo mundo atolado de trabalho, enfrentando o maior stress e à beira de um ataque de nervos. e o ano mal começou. eu também estou no mesmo barco, amigos. madrugadas adentro, projetos para serem entregues e uma exposição para ser inaugurada na próxima quarta-feira e ainda um monte de detalhes para serem resolvidos. mas enfim, amigos, estou aqui para dizer-lhes que há esperança. não desistam, não entreguem os pontos, não matem seus chefes. e não pensem que depois do carnaval vai melhorar pois só tende a ser mais puxado. mas respirem fundo, fechem os olhos, mentalizem algo bom, e continuem. keep going! pro lado de cá, devido a este rush lascado, pouca coisa tem acontecido. o tuomas chegou da finlandia essa semana, mas mal estou passando tempo com ele. as festas no 339 continuam, não tenho feito balada nenhuma, estou sossegando e ficando apenas mais feliz e tranquilo, deixando todas as perguntas da alma pra lá, pois elas sempre continuam sem resposta. o coração tá bem, respirando um pouco de ar puro com o peito aberto. ah, e tem sempre o stress de onde passar o carnaval. dessa vez, nenhum plano. talvez passar no sítio mesmo, com meus pais, sem gastar dinheiro e descansar desta vida cansativa de ser paulistano.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Quickdrop

Hein? Miss Kittin, a rainha do electro, e David Guetta confirmados para o Skol Beats? E ainda talvez Laurent Garnier?

(...)

O Resfest agora também vira festival de música e traz Animal Collective?

(...)

O pessoal da Circuito abre a Clash, a mais nova balada eletrônica da Barra Funda?

(...)

Mais uma grande exposição na Oca chegando? Se preparem para Da Vinci!

(...)

Corrida dos filmes concorrentes ao Oscar? Todos estreiando ao mesmo tempo: "A Rainha", "Cartas de Iwo Jima", "O Último Rei da Escócia", "Pecados Íntimos", "À procura da felicidade"?

(...)

Novo disco do Arcade Fire vazando na internet? We need a intervention...

(...)

Cansei de ser sexy, a banda brasileira menos brasileira do momento, fazendo show por aqui?

(...)

Fevereiro chegou!

segunda-feira, janeiro 29, 2007

As arveres somo nozes


Participe você também desta discussão!

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Let you go

Vá embora e feche a porta,
tenho frio
Vá embora antes que eu chore,
tenho frio

Vou trancar-me para nunca mais abrir
Pro sabor dos nossos sonhos não fugir

Ainda lembro de janeiro
Quando o sol me deu você
Meu presente de ano novo
Que agora o frio levou

Por favor, senhor sol
Me dê de volta Virgínia


Virginia - Os mutantes

* * *

Fear and panic in the air
I want to be free
From desolation and despair
And I feel like everything I saw
Is being swept away
When I refuse to let you go

I can't get it right
Get it right
Since I met you

Loneliness be over
When will this loneliness be over


Map of the problematique - Muse

* * *

Parafraseando um diálogo de Grey's Anatomy, não existe sensação melhor do que estar com alguém e olhar nos olhos dessa pessoa e não sentir desconforto algum. Amar e sentir-se amado. Quando você atinge essa sensação, é difícil não ficar presa a ela. Contudo, ventos sopram para diferentes lados e as coisas tomam rumos incertos. O que fazer quando simplesmente nada parece dar certo e, assim como um carro sem embreagem, você acelera o máximo mas não sai do lugar? Quando todas as suas tentativas parecem não surtir efeito nenhum e você se desgasta, remoendo tanta coisa que ainda tinha para ser dita? Um último telefonema onde tudo o que você tinha para declarar permanece preso na garganta. Como saber quando chega a hora de abrir mão? Abrir mão é sinônimo de falta de coragem ou simplesmente a consciência de que não há nada que possa ser feito? Esses dias têm me ensinado muito sobre todos esses assuntos - expectativas, resistência, apego, direcionamento. Às vezes, abrir mão é simplesmente uma questão de sobrevivência, é o ponto final que faltava para você seguir adiante.

Mutantes


Não nasci na década de 60 como desejado. Nasci no final dos anos 70. Não acompanhei a mutação de Sérgio Dias, Arnaldo Baptista e Rita Lee, nem o desfecho da banda pouco tempo antes da minha mãe dar à luz. Portanto, não conseguia entender porque todo mundo considera "Os Mutantes" a melhor banda brasileira de rock de todos os tempos. Mesmo conhecendo e gostando muito de suas músicas, realmente não conseguia entender e torcia um pouco o nariz para isso. Mas ontem deu para entender. E melhor que isso, curtir uma banda que está definitivamente entre as melhores do país. Tudo bem, eles já estão velhos, a "loucura" agora é meio posée, mas o espírito está lá de qualquer forma. O show começou às 20h com a praça da Independência lotada - 20 mil, 50 mil pessoas, sei lá. As favoritas do público estavam lá: Panis et Circenses, Balada do Louco, Baby, El Justiciero, Virginia, Minha Menina. Mas melhor que cantar junto foi curtir a viagem distorcida e psicodélica daquelas guitarras, dançando feito criança nos morrinhos próximos à casa do grito, entre o povo que, animado, mantinha a ciranda girando. E as pessoas na sala de jantar continuam ocupadas em nascer e morrer.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Mais tocada essa semana

GIRL FROM THE GUTTER
Kina

For all the things you said I'd never do
For all the things you said that were untrue
For all the times you made me feel alone
Said I'd never make it on my own

Things are lookin' up for me now
Seems like Karma's makin' its rounds
Its my turn now, won't be held down no
Karma's gonna visit you too
You gotta pay for the things you put me through
I hope you do, I hope you do, yeah, yeah

I hope your hell is filled with magazines
And on every page you see a big picture of me
And under every picture the caption should read
Not bad for a girl from the gutter like me

Coachella 2007


acabei de checar o site do coachella em busca de novidades e eis que me deparo com o line-up de 2007. é palhaçada das fortes. santo do auto-controle, me ajuda.

Blondies


esta foto estava perdida por aqui - gil e eu rumo à d-edge no natal. intenção: causar horrores sem ser reconhecido.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Tricks of fate


hoje tentei chegar a um acordo com minha mãe sobre questões como buscas, satisfação e quietude. para ela, estou sempre insatisfeito, sempre buscando algo. e a busca recomeça tão logo a anterior seja finalizada. a conclusão foi que a busca não termina nunca - sempre haverão portas a serem abertas e coisas para serem conhecidas. o que existe realmente é uma diferença entre as pessoas - aquelas que não ligam muito para isso e, como qualquer outro animal neste mundo, tratam de viver e fazer parte do todo composto por 6 bilhões de humanos que perambulam pelo globo - comendo, dormindo, casando, trabalhando, procriando; e aquelas que não se conformam muito com o fato de que o razão de ser do homem é essa mesma e assim tentam encontrar algumas respostas para tudo, ou pelo menos, conhecer todas as alternativas existentes antes de responder. sem distinções nem comparações, mas que essas duas classes existem, elas existem. e no fim, acabei convencendo minha mãe disso, só para tristeza dela, que, confessou hoje, sonhava que o filho se tornasse médico e que a porta da sala trouxesse uma plaquinha com as inscrições, dr. André - pediatra. eu falei: ok, mãe, te mando um cartão-postal da Mongólia qualquer dia desses. e é nessas horas que você pensa com seus botões sobre como sua vida te trouxe até aqui e chega a uma conclusão... fuck it!

sexta-feira, janeiro 19, 2007

À deriva

tem uma música do new order que diz que somos como cristais, que quebramos fácil. às vezes a vida parece um barquinho de pescador em mar aberto, e por mais que você tente ter controle, quando chega uma vendavalzinho que seja logo ele está sendo arrastado por todos os lados. expectativas demais podem te deixar deprimido. expectativas de menos podem fazer de você um tremendo cínico. mas como saber qual a dosagem certa? a gente nunca sabe. quando algo bom surge - um provável relacionamento, um novo emprego, uma oportunidade de mudar de país - não há como não fazer planos, esperar o melhor, sonhar com a felicidade e encher o convés de esperanças. é o homem no seu círculo vicioso. sou eu. é você.

(...)

tem coisas que acontecem que a gente não consegue entender o porquê, ou até mesmo como, dada a velocidade das circunstâncias. é só se dispor a começar algo, sem pensar muito, se entregar em busca de experiências e quando você vê, está atolado até o nariz - inseguro, indeciso e preso a tudo isso.

(...)

loca sábado. loca terça. loca quinta.
escapadelas para ir ver filmes leves como "O amor não tira férias" e "Mais estranho que a ficção". assistir Grey's Anatomy e descobrir que está viciado. conversas sérias que depois se mostraram não tão sérias assim. a possibilidade de começar um relacionamento um tanto diferente ficando só na possibilidade, comprovando mais uma vez que amor de verão não sobe mesmo a serra. pelo menos a minha. um buraco enorme. aqui nesse cara mas também lá no bairro de pinheiros. enfim, eis o compacto da semana.

(...)

Uma frase que ouvi em um curta-metragem no YouTube:
"Se não for entender, nem ouse perguntar"

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Guarda/Farol de Santa Marta











Algumas fotos dos últimos 15 dias entre Floripa-Guarda do Embaú-Farol de Santa Marta.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

And then 2007 begins

Começou. Vamos ver o que ele vai trazer.
Vou dizer que ele terminou bem, com algumas surpresas guardadas na manga. E vou dizer que ele começou bem também, já com muita risada colocada no baú da memória. Começou com banho de chuva. Começou com amigos queridos. Começou pirado. Quinze dias desconectado, perdido num lugarzinho chamado Guarda do Embaú. Começou com conversas e devaneios, visões fantásticas, sem nenhuma resolução de ano novo, sem nenhum arrependimento de ter deixado nada para trás ou a fazer. E para este ano, somente um desejo: levar a vida às últimas consequências - menos teoria, mais prática. Menos pensamento, mais movimento. Menos preocupação, mais ação. E só. De resto, só a plena consciência daquilo que eu já sei que preciso fazer e de que quem vive não precisa dar explicação. Planos? Muitos. Sonhos? Mais ainda. Desejos? Alguns. Mas entra ano e sai ano, nada muda, a não ser nós mesmos. Ia fazer uma retrospectiva, mas desisti. É melhor zerar e começar a contar novamente.