segunda-feira, agosto 21, 2006

O melhor do fim-de-semana: A Pedra do Reino

Tudo tem seus altos e baixos, e graças a Deus, o fim-de-semana teve seus
altos, e um deles foi assistir "A Pedra do Reino", montagem do CPT (Centro
de Pesquisa Teatral) dirigida por Antunes Filho, em cartaz no SESC Anchieta.
O texto é inspirado nas obras de Ariano Suassuna, "O Romance d'A Pedra do
Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta" e "História dO rei degolado nas
caatingas do sertão/Ao sol da Onça Caetana", um trabalho árduo de adaptação.
Para quem não sabe, Suassuna é o autor do "Auto da Compadecida", e, como em
seus outros textos, mantém nestes os elementos que caracterizam sua obra,
como a literatura de cordel, os repentes e as emboladas. Em "A Pedra do
Reino" somos levados a conhecer a saga de Quaderna, que nos relembra sua
vida por meio de suas memórias escritas, da sua prisão por subversão, a seu
julgamento e condenação. Antunes Filho traz de volta o mito do herói ingênuo
e malandro, buscando o poder sem mérito (mas qual seria o mérito a não ser o
próprio desejo?), que lhe garantiu a consagração como diretor em
"Macunaíma". Agora, contudo, é a vez de Quaderna, um personagem que busca
utopicamente o reinado do povo, igualitário e ideal. Uma mistura ingênua de
palhaço que vai reinvindicar seus direitos monárquicos no sertão da Paraíba,
os arquétipos que mais se vêm às voltas com o povo brasileiro. Bom, vale a
pena ver: pela interpretação de Lee Thalor como Quaderna, pela construção do
imaginário que só Antunes consegue com seus elementos cênicos não-cênicos,e
pela experiência de cair na real e ver em como o texto de Suassuna é tão
real, atual e aplicável hoje ao nosso país, em todas as suas regiões.

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