sexta-feira, abril 13, 2007

Inferno astral

They tried to make me go to rehab
I said no, no, no.
Yes I been black, but when I come back
You wont know, know, know.

I ain’t got the time
And if my daddy thinks im fine
He’s tried to make me go to rehab
I wont go, go, go.

Amy Winehouse - Rehab

* * *

O tiro saiu pela culatra e a pólvora estourou na minha cara. Mais uma vez, é hora de tirar o band-aid e deixar as feridas tomarem um pouco de ar para eu ver se saram. Mais uma vez, hora de abrir mão. Muita coisa estranha anda acontecendo, acho que é por conta do inferno astral que deve estar tentanto se aproximar. Ou porque hoje é sexta-feira 13. Superstições. Não sei se as tenho. Mas como sei que vivo me negando o tempo todo, posso até estar cheio delas e simplesmente não aceitá-las. Terminei de ler 'Morangos Morafos' com uma dor no peito, porque o Caio é daqueles escritores que você sente saudades quando acaba o livro. Foi ontem no hospital que eu li os últimos dois contos, enquanto aguardava a cirurgia da minha mãe, entre conversas com as senhoras que compartilhavam comigo a sala de espera, cada uma me contando seus problemas.

A semana começou com esperança. Um arco-íris, daqueles que você não vê nunca, forte, encorpado, com começo, meio e fim, cruzava a Fernão Dias ali em Guarulhos, no final da tarde de domingo, depois da chuva que vinha encerrar a semana santa. Era um portal, tinha a nítida impressão de que passaria por baixo dele e entraria em uma nova realidade, o mundo de Oz, o que o valha. Vontade de arrumar tudo o que está errado.

E a semana está acabando meio angustiante, cheia daquela vontade indomável que às vezes surge de colocar uns livros na sacola, um par de roupas, e sair por aí, na tentativa de viver melhor ou pelo menos descobrir coisas novas. Às vezes acho que sou louco, às vezes tenho certeza. Às vezes ainda acho que tenho jeito, outras eu desencano. E sinto que a vida vai ser sempre essa voltagem alternando entre 110 e 220V, nem uma coisa nem outra. O maior problema, eu chego à conclusão, é a tal da negação.

Um comentário:

Mikie disse...

compartilho contigo dessa vontade louca de ir embora. Nada que dois jeans, um tenis e 3 herings não resolvam...

a vida é isso, a constante incerteza, a constante busca e a dúvida se estamos no caminho certo...

Lindo, lets travel...nem que seja sentados num bar.

beijos
Mi