quinta-feira, julho 21, 2005

Peace, love and understanding

Ontem jantei com meus pais, pensando bastante no que a Kátia me falou sábado no posto de gasolina em direção à Ilhabela, de que seus pais estavam envelhecendo e ela estava longe, que sentia falta de passar tempo com eles. Fiz um pouco disso ontem, jogando conversa fora, assistindo TV, falando da cachorra, etc. Foi um tempo gostoso.
Remexi nas minhas coisas que ainda estão lá, peguei mais alguns K7 para deixar no carro... no caminho de volta pus esses K7 pra tocar e me deparo com uma das músicas que mais gosto nesse mundo, "Pra não dizer que não falei de flores", do Geraldo Vandré. Uma fita que devo ter gravado há pelo menos uns 13 anos atrás. Afe! Acho que no mínimo fui um adolescente problemático, pois na sétima série ouvia Geraldo Vandré e ficava pensando nos anos 60... Alguns nomes da MPB sempre tiveram meu respeito, gente que morreu ou sumiu do mapa justamente por levar os ideais e sentimentos mais a sério do que a popularidade, gente que hoje não é ministro nem estrela de documentários.

Fui pra casa e terminei de ler meu livro do Paulo Coelho. Resumindo o livro, passamos muito tempo carregando amarguras demais - amargura dos outros, das coisas que fizemos, das coisas que não fizemos, das coisas que acontecem sem mais nem menos e por aí vai - e que o único remédio para a amargura é ter consciência da vida, consciência esta que só vem quando se tem consciência da morte. Se você achasse que vai morrer daqui a 5 dias, com certeza teria uma pura consciência da sua vida e não teria medo de sentir o que sente, de dizer o que sente, de falar o que pensa, de fazer o que deseja, de se entregar ao desconhecido e a todo tipo de experiência. Uma pena que carreguemos dentro de nós a pseudocerteza de que somos eternos e de que tudo pode esperar.

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES
Geraldo Vandré

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantado e seguindo a canção

Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer

Pelos campos a fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão

Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer

Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição:
De morrer pela pátria e viver sem razão

Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer

Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Vem vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora não espera acontecer

2 comentários:

Anônimo disse...

Que bom que vc tbm refletiu sobre perder preciosos momentos com essas pessoas as quais estamos nos tornando cada vez mais parecidos - nosso pais! Estou indo pra casa agora com uma saudade louca deles...Sobre o resumo do livro daquele que me recuso citar, senti-me mais confortável por não guardar amarguras, por não remoer passado, por não sofrer com coisas q não podem ser resolvidas ou não dependem de mim. Contudo, ainda guardo valores questionáveis e seu post de hj me fez pensar sobre isso. Geraldo Vandré é e sempre será o martir do idealismo de uma época a quem devemos nossos sentimentos de igualdade. Ele sim não desistiu da luta!.
Um super beijo pra vc e bom FDS. K.

Ana ® disse...

Legal seu blog, e essa música... sem comentários! :)