segunda-feira, junho 13, 2005

Everybody’s trying to make us another century of fakers



Fim-de-semana com toques de surrealidade dentro de uma calma e tranqüila pausa no tempo. Sexta-feira, ida no shopping com o Rodrigo para ver as pessoas gastando aos borbotões para presentear seus amores. Finalmente troquei o vale-presente que o Nando me deu de presente de aniversário, comprei "O apanhador no campo de centeio", do Salinger, um livro que sempre quis ler mas que o Lê, nos últimos dias, deu uma impulsionada na vontade. Depois, pegar o Lê no metrô para mais uma das nossas sessões CSW. Lá vamos nós para o Fran's falar da e sobre a vida em meio a leitura de trechos de Gabriel Garcia Marquez. Lá para meia-noite, toca para o Noitão do Belas Artes, cujo tema era "Odeio o dia dos namorados", hehehe, com esse tema já dá para imaginar a programação. Na verdade, antes de ir, rodamos um pouco e até cogitamos ir para A Loca, mas ainda estava fechada, não tinha ninguém conhecido no boteco da esquina, então vamos voltar para o Belas Artes mesmo. As cenas hilárias já começaram na compra do ingresso, pois ia haver um sorteio de diárias para um fim-de-semana em algum hotel Blue Tree à escolha - mas detalhe, só para casais. A pergunta da balconista: solteiros ou casal? Resposta: por que? Tem alguma diferença? Resposta da balconista: É que casais podem ganhar a tal diária, blá, blá... Resposta: Casal, claro! hahaha, mas nem ganhamos nada. Super chato. Enfim, fomos para a sala do cinema, um frio da Polônia lá dentro, o Leandro se contorcendo todo. Para quem não conhece o Noitão, são três filmes - uma pré-estréia, um filme antigo e outro filme surpresa. Mas como chegamos muito tarde, pegamos uma sessão extra e então eles começaram a nossa exibição com o filme surpresa, pois há um rodízio entre as três salas, gotcha? E o filme surpresa era:

CORAÇÃO SELVAGEM (Wild at heart)
David Lynch

"Have I ever told you," he asks, "that this jacket is a symbol of my individuality and my belief in personal freedom".

Bom, falar de David Lynch não é uma tarefa nada fácil. Aliás, digo que é quase impossível saber o que se passa naquela mente sombria, quase demente e doentia.
Tente imaginar um Mágico de Oz psicodélico, surreal, violento e bizarro; junte a isso a interpretação magnífica de Nicolas Cage; depois pegue um carro antigo conversível e dirija pelo sul dos Estados Unidos, cruzando a Carolina do Norte, do Sul, Alabama, chegando ao Texas, e no meio desse percurso adicione algumas personagens bizarras. Depois vá a uma locadora e alugue o filme, porque merece ser visto, e depois disso você vai entender o significado da frase mais emblemática do roteiro, que eu coloquei aí em cima. E não estranhe quando começar a tocar Wicked Game do Chris Isaak no rádio do carro enquanto os protagonistas rasgam a noite no deserto... POWERMAD!

Depois que o filme acabou, ficamos no lounge conversando, bebendo Pepsi X que estavam distribuindo... até posamos de garotos propaganda, ahaha... queria ver aquela foto, deve ter ficado a mais tosca. Próximo filme:

A VIDA SECRETA DOS DENTISTAS
Alan Rudolph

Digamos que o filme é extraordinário, mas somente se você souber procurar sob a superfície, pois é um filme difícil. Não sei se o filme entrará em circuito comercial, mas se entrar, vá ver. Queria comentar o filme, mas estou sem tempo, mas ele mostra exatamente como o comodismo é uma forma de medo e uma forma de se ter segurança, e como uma simples desconfiança pode por esse mundo, construído com tanto esmero, em colapso.

Depois desse filme e mortos de sono, resolvemos ir embora e não esperar o próximo. Fomos pra casa, ficamos conversando até o dia amanhecer, assistindo o dvd do Fleetwood Mac (claro que o Leandro ficou metendo o pau em uma das minhas bandas favoritas, mas tudo bem, hehe), e depois ainda assistimos algumas cenas de Pink Flamingos, o filme mais bizarro ever. E é engraçado ver como até para nós, que julgo um pouco mais mente aberta que a maioria, o filme ainda é amoral. Isso porque o filme foi feito em 1972. Eis uma das razões porque John Waters é um dos meus ídolos, hahaha. Esse conseguiu chocar o mundo. Depois da maratona, três horas de sono, um gole de pinga mineira para acordar e abrir o apetite na manhã de sábado, ler trechos do cacete de As Horas (o livro), pão na chapa na padoca, deixar o Lê em casa e ir para Bragança, com meu irmão, passar o fim-de-semana... dormindo, claro. Tanta coisa em tão pouco tempo. Lê, excepcional. Você é o saldo bom da minha vida no eastside.

Domingão, tomar sorvete e depois deitar na grama do lago em Bragança, olhando sol deixar a água dourada e os casais passarem de mãos dadas. Papos cabeça com o Rafa, ir no McDonaldos com o Ronnye, um dos sonhos de consumo dele.

À noite, de volta à Sampa, encontro da Mega Liga dos Solteiros contra o Dia dos Namorados na Vilaboim, com direito a Lambrusco e tudo mais. Eu, Stelinha, Ivonets e Marquinho, todos falando muita merda até o Bier&Bier fechar.

Voltar pra casa, assistir o dvd do Belle and Sebastian até altas horas e perceber que realmente corremos o risco de nos tornarnos "a century of fakers".

3 comentários:

Edu disse...

Não sabia desta sessão, nem vou comentar sobre cinema com vc, prefiro ir sozinho ou esperar deitado na minha cama embaixo das cobertas e com o telefone desligado. hehehe... mas tudo bem...

Bjs para vc e uma ótima semana

Leandro disse...

Meu, vc escreve suuuuuuuuuuuuuper bem, maravilhoso mesmo amado amigo, sobre a "century of fakers" vc está certo.
Vc tb é muito lindo amado amigo, muito mesmo, sempre te amarei e sempre estaremos juntos.
Ah!!! em breve lerei "The Hours", estou ansiosíssimo para lê-lo.
Bem, see ya an luv ya so mutchi

POWERMAAAAAAAAAAAAAAAAAAD

Michel Simões disse...

David Lynch é foda, vc já viu Cidade dos Sonhos?? Filme do caralho, dos melhores que já vi, não gostei muito de Veludo Azul; outro muito bom é História Real! Onde encontro a programação da PUC??? Lynch sempre interessa!