segunda-feira, março 05, 2007

Naked in NY

Estava fazendo uma limpeza na minha mesa, tentando tirar 6 meses de acúmulo de papéis na minha área de trabalho, e achei um bloquinho de anotações que carregava comigo na rua. Ele continha umas anotações que fiz quando estava em NY, em maio do ano passado.

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14/5 - NOVA IORQUE - Nessa cidade você se sente no topo do mundo. Pode se vestir bem e não gastar muito. Tudo acontece. É como se sentir o último dos contemporâneos, com acesso a tudo e no pico das tendências. O homem universal, propriamente dito. Um lugar onde certamente eu viveria - tranquilo e agitado, funcional e caótico, tudo que uma cidade moderna poderia ter. A minha incapacidade de me comunicar instantaneamente fica mais evidente a cada dia que passa. Isso é preocupante. As meninas da mesa ao lado ficaram o jantar inteiro me olhando e não sei se era de estranhamento ou vontade de me conhecer. Sem amigos de infância desta vez. E, onde vou carrego as pessoas que amo comigo. Isso é tão difícil de enxergar até você ficar sozinho em uma cidade onde ninguém te conhece e qualquer tentativa de aproximação é um esforço enorme de achar palavras e significados em uma outra língua. Agora, estou aqui no B.B. King Bar na 42th street (depois de ter ido na igreja batista do Harlem), hoje é dia das mães e vim assistir um show do Harlem Gospel Choir. Estou sentado com um casal de americanos na boca do palco e pensando que minha mãe e minha irmã iriam adorar estar aqui. E, assim, em todos os lugares que vou, lembro de cada pessoa, do seu jeito, das coisas que eles gostam. Daqui a pouco minha aventura por NY acaba e vou desbravar os mares do sul, rumo à Miami Beach, mas essa estada aqui foi grandiosa e útil para colocar as engrenagens do meu mundo de volta em movimento. Ainda vou precisar de alguns dias processando tudo o que aconteceu.

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